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EUA e Irão com negociações secretas para travar ataques no Mar Vermelho

Desde outubro, os Houthis já lançaram 99 ataques no Mar Vermelho, afetando 15 navios comerciais, incluindo quatro navios americanos.

“Aspides” é a antiga palavra grega usada para traduzir “escudo”.
Mohamed Hossam/EPA
Bárbara Silva barbarasilva@negocios.pt 14 de Março de 2024 às 10:21
Os Estados Unidos levaram a cabo negociações secretas com o Irão no início de 2024, numa tentativa de convencer Teerão a usar a sua influência sobre o movimento Houthi do Iémen para pôr fim aos ataques a navios no Mar Vermelho, de acordo com autoridades norte-americanas e iranianas citadas pelo Financial Times esta quinta-feira.

As fontes disseram que estas conversações indiretas (as primeiras entre os dois países no espaço de 10 meses) tiveram lugar no sultanato de Omã, em janeiro, e abordaram também as preocupações de Washington sobre a expansão do programa nuclear iraniano.

Desde outubro, os Houthis já lançaram 99 ataques no Mar Vermelho, afetando 15 navios comerciais, incluindo quatro navios americanos.

A delegação dos EUA foi liderada pelo conselheiro da Casa Branca para o Médio Oriente, Brett McGurk, e pelo seu enviado norte-americano para o Irão, Abram Paley. Do lado iraniano, o país islâmico foi representado pelo vice-ministro das Relações Externas, Ali Bagheri Kani, que é também o principal negociador nuclear de Teerão.

As negociações indiretas foram mediadas pelas autoridades de Omã, que alternaram entre os representantes iranianos e americanos para que estes não falassem diretamente entre si, dá conta o Financial Times. Em cima da mesa esteve a recente onda de hostilidades regionais que envolve grupos militantes apoiados pelo Irão, desencadeada pela guerra entre Israel e o Hamas, que se prolonga desde outubro de 2023.

Uma segunda ronda de negociações estava marcada para fevereiro, mas acabou por ser adiada depois de Brett McGurk se ter envolvido diretamente na mediação de um acordo entre Israel e o Hamas para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza e garantir a libertação dos reféns israelitas, dizem as mesmas fontes.

"Temos muitos canais para transmitir mensagens ao Irão", disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, citado pelo Financial Times. As últimas conversações entre os EUA e o Irão tiveram lugar em maio de 2023. 

Desde que o ataque do Hamas a Israel, a 7 de Outubro, desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, o movimento libanês apoiado pelo Irão - Hezbollah - tem mantido diariamente ataques na fronteira com Israel. Por outro lado, os Houthis atacaram já dezenas de navios no Mar Vermelho, em retaliação contra a ofensiva israelita em Gaza, incluindo embarcações da Marinha norte-americana. Além disso, milícias iraquianas apoiadas pelo Irão lançaram dezenas de mísseis e drones contra as forças americanas no Iraque e na Síria.

Os EUA acusam Teerão de fornecer drones e mísseis aos Houthis do Iémen para levar a cabo ataques a navios. O Irão veio já confirmar o seu apoio político movimento que controla o norte do Iémen, apesar de continuar a insistir que os rebeldes atuam de forma independente. "O Irão disse repetidamente que só tem influência espiritual. Não podem dar ordens aos Houthis, mas podem negociar e conversar", disse uma autoridade iraniana.

Há, no entanto fortes sinais de que Teerão tem procurado aliviar as tensões com Washington na sequência de um ataque com drones a uma base militar dos EUA na fronteira entre a Jordânia e a Síria, que matou três soldados americanos. O Irão já deixou claro que quer evitar um conflito directo com os EUA ou Israel, e evitar uma guerra regional total.
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