Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Conselho Europeu enfrenta tarefa difícil para consenso nas sanções à Rússia

A reunião dos chefes de Estado da União Europeia terá como assunto incontornável a crise na Ucrânia e as sanções a aplicar à Rússia. Mas as várias dependências de muitos países europeus face a Moscovo e a necessidade de consenso entre os 28 poderá tolher uma maior dureza nas penalizações ao regime russo.

20 de Março de 2014 às 13:35
  • 18
  • ...

O Conselho Europeu, que se realiza esta quinta e sexta-feira em Bruxelas, tratará de acordar um plano de sanções económicas contra o regime chefiado pelo Presidente russo Vladimir Putin. A aposta em novas sanções surge na sequência do referendo que aprovou a anexação da região autónoma da Crimeia à Rússia e da assunção de Putin de que esta península já é território russo

 

Contudo esta não será uma tarefa fácil porque a necessidade de consenso dos 28 países que compõem a União Europeia (UE) poderá limitar o grau de dureza e eficácia das medidas a aplicar.

 

A Alemanha, por exemplo, é o maior parceiro económico da Rússia entre os países da UE. Se Angela Merkel, chanceler alemã, garantiu esta quinta-feira que a “violação da lei internacional” promovida por Moscovo vai implicar “sem dúvida, mais sanções económicas”, a dependência alemã, relativamente à Rússia, em 35% das suas importações de petróleo e gás natural poderá dificultar a aplicação de sanções demasiadamente severas.

 

Esta quarta-feira a Alemanha anunciou a interrupção no fornecimento de armas à Rússia, seguindo o caminho já iniciado pela Inglaterra há cerca de 2 semanas. No entanto a França terá mais dificuldades em aplicar uma restrição deste tipo dado o volume de exportações de armamento e equipamento militar para Moscovo. A Bloomberg recorda que um “embargo” impediria Paris de prosseguir com a venda de porta-helicópteros a Moscovo.

 

Já a “City” londrina também seria prejudicada por uma eventual retaliação tendo em conta os investimentos russos na banca e bolsa inglesas. Ao nível imobiliário o dinheiro proveniente de Moscovo também assume grande relevo em Londres.

 

Relativamente a questões estritamente ligadas a investimentos e depósitos surge o problemático caso do Chipre. A Bloomberg recorda como Nicósia ainda é utilizada como “um isco” por Moscovo. A economia cipriota, que encolheu 6% em 2013, ainda continua muito dependente dos fluxos financeiros russos.

 

Sanções já colocadas em prática

 

Para além da interrupção, já referida, do fornecimento de armas a Moscovo a UE até agora limitou-se a suspender a atribuição de vistos a cidadãos russos e a congelar activos de alguns elementos ligados ao anterior Executivo ucraniano.

 

O bloqueio à atribuição de vistos e o congelamento, neste caso de várias figuras ligadas ao Kremlin, também foi, para já, a política seguida pelos Estados Unidos. Ao final do dia de ontem os Estados Unidos anunciavam que vão aumentar as sanções contra Moscovo, mas voltaram a reafirmar que a retaliação militar continuava posta de parte por Washington.

 

Moscovo poderá também ter de enfrentar o isolamento ao nível diplomático e das principais organizações de cooperação ocidentais e mundiais. Nos últimos dias foram surgindo várias notícias neste sentido.

 

A OCDE decidiu adiar as negociações preparatórias da adesão russa a este organização. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, propôs esta quarta-feira que o G7 discuta a expulsão da Rússia do G8 e o próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas está a avaliar possíveis acções contra Moscovo, tentando contornar o poder de veto russo neste organismo, no âmbito da postura russa relativamente à crise na Ucrânia.

 

Moscovo, que nos últimos dias tem visto o rublo desvalorizar, como consequência da pior performance económica da Rússia e do receio em torno das sanções e do isolamento internacional, assume uma posição de força e demonstra-se inflexível. Esta quarta-feira o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, numa linguagem própria do pós Guerra Fria lembrava que “o mundo não é unipolar” e, por essa razão, Moscovo vai encontrar parceiros económicos “do outro lado do globo”.

 

A necessidade de diálogo e concertação da UE e dos Estados Unidos tem permitido que Putin possa ir agindo em função do desenrolar veloz dos acontecimentos na região da Crimeia. O Kremlin vai limitando a sua acção à garantia e protecção de realidades que, dada a velocidade dos acontecimentos, se configuram como situações já estabelecidas.

Ver comentários
Saber mais Conselho Europeu Bruxelas Vladimir Putin União Europeia Angela Merkel Moscovo OCDE David Cameron Kremlin Dmitri Peskov Guerra Fria
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio