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Capitais pedem ao Irão e à Arábia Saudita para diminuírem tensão

Confrontados com uma escalada de tensão entre a Arábia Saudita e o Irão, Alemanha, França, Estados Unidos e Rússia apelaram ao reforço das relações entre aqueles países. Bahrein, aliado da Arábia Saudita, ignora apelos e corta relações com Teerão.

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A Historical Perspective on Saudi-Iran Tensions
04 de Janeiro de 2016 às 14:49
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À medida que cresce a tensão diplomática entre a Arábia Saudita e o Irão, várias capitais mundiais mobilizam-se para tentar evitar o recrudescer de um conflito que poderia agravar, de forma inédita, o conflito no já instável Médio Oriente. Depois dos Estados Unidos, também a Alemanha, a França e a Rússia vieram pedir calma e o retomar das relações diplomáticas entre aqueles dois países.

 

No domingo, a administração norte-americana sublinhou que o estabelecimento de "conversações directas" entre Riade e Teerão é crucial para impedir o escalar da tensão entre os estados sunita e xiita. Washington acrescentou ainda que o escalar do conflito entre o Irão e a Arábia Saudita poderá dificultar a guerra em curso contra o terrorismo do autoproclamado Estado Islâmico.

 

Já esta segunda-feira, 4 de Janeiro, a Alemanha reagiu ao corte de relações diplomáticas com Teerão decretada por Riade, apelando "aos dois países para utilizarem todas as possibilidades para melhorarem as suas relações bilaterais".

 

Através do porta-voz do Governo liderado por Angela Merkel, Steffen Seibert, Berlim destaca que as relações entre a Arábia Saudita e o Irão são de "fundamental importância para a resolução das crises na Síria e no Iémen e para a estabilidade de toda a região". Também a França apelou ao arrefecimento da escalada da tensão, enquanto a Rússia pede contenção nas acções dos dois países.

 

Já esta segunda-feira, também a Alta Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, Federica Mogherini, pediu calma após ter conversado telefonicamente com altos responsáveis de ambos os países.

 

Em plena disputa pela hegemonia regional, agravada com a aproximação de Teerão face à comunidade internacional - que permitiu desbloquear um acordo sobre o nuclear iraniano - o que aparentemente enfraqueceu a tradicional aliança regional entre Washington e Riade, e com as intervenções dos dois países nos conflitos vigentes na Síria e no Iémen, a relação entre Teerão e Riade foi fortemente atingida na sequência da pena de morte aplicada pela monarquia saudita ao clérigo xiita Nimr al-Nimr.

 

Este clérigo xiita, um defensor dos direitos deste ramo do islão e forte opositor da monarquia sunita que governa o país, foi executado junto a mais 46 pessoas no último fim-de-semana. As autoridades sunitas invocaram a ligação a operações terroristas para justificar a condenação à morte do clérigo xiita. Riade formalizou há poucas semanas, juntamente a vários países de maioria sunita, ou governados por regimes deste ramo do islão, uma coligação para combater o terrorismo, seja qual for a base ideológica do mesmo.

 

Seguiu-se um ataque à embaixada saudita em Teerão e o posterior anúncio de Riade do corte de relações diplomáticas com o Irão, dando dois dias aos diplomatas iranianos para abandonarem o território saudita. Pelo seu lado, o Irão afiançou que Riade vai pagar um "preço elevado" pela morte de Nimr.

 

Aliados de Riade contra o Irão

 

Indiferentes aos apelos de calma evidenciados pela comunidade internacional, os tradicionais aliados da Arábia Saudita mobilizam-se para penalizar o Irão. O Bahrein, país de maioria xiita mas governado há muito por uma monarquia sunita, aliada de Riade, deu 48 horas aos diplomatas iranianos para abandonarem o país, medida em tudo idêntica àquela tomada por Riade.

 

Em 2011, quando a Primavera Árabe ditava regras no mundo muçulmano, foi a mobilização do exército saudita para o Bahrein que evitou o derrube da monarquia que dita as regras no antigo protectorado britânico. Outro estado de maioria sunita a mover-se foi o dos Emirados Árabes Unidos, ao reduzirem a presença diplomática no Irão.

 

E o Sudão, um país dividido por um mosaico étnico e religioso, mas que detém um população maioritariamente muçulmana sunita, expulsou hoje o embaixador iraniano no país.

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