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Bruxelas admite baixar tarifas às importações de automóveis para agradar a Trump
O Financial Times noticia que a União Europeia está interessada em avançar com negociações com os maiores países em termos de exportação automóvel para um acordo que permita reduzir as taxas alfandegárias nas importações destes bens. Bruxelas tenta assim aceder a uma das reivindicações do presidente dos Estados Unidos.
A União Europeia contempla a possibilidade de negociar tarifas aduaneiras mais favoráveis com os principais países exportadores de automóveis, avança o Financial Times com base em declarações de três diplomatas.
A acontecer uma proposta formal para o início de conversações, a mesma deverá surgir antes de o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se deslocar aos Estados Unidos no final deste mês para se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um encontro destinado a discutir as relações comerciais entre Washington e Bruxelas.
Segundo as declarações citadas pelo FT, a UE "está a avaliar se é viável negociar um acordo com outros grandes exportadores de automóveis tais como os EUA, a Coreia do Sul e o Japão". A concretizar-se um acordo, "os participantes reduziriam as tarifas para níveis acordados de um conjunto específico de produtos" no que seria um "acordo plurilateral que permite aos países forjar acordos sobre tarifas sem incluir o conjunto da Organização Mundial do Comércio", pode ainda ler-se nas declarações reproduzidas pelo jornal britânico. Ou seja, as leis de Direito Internacional que regem as relações comerciais e as regras da OMC não inviabilizam este tipo de acordo circunscrito a um conjunto de países.
Com esta ideia a União tenta responder às exigências de Donald Trump que tem vindo a promover políticas proteccionistas de forma a reduzir o défice comercial norte-americano, designadamente relativamente à China e à UE (em especial face à Alemanha).
A preocupação surgiu em Bruxelas depois de, no mês passado, Trump ter ameaçado impor uma tarifa aduaneira de 20% sobre as importações de automóveis fabricados na União, o que logo provocou perdas em bolsa a empresas como a BMW e a Daimler (dona da Mercedes), se Bruxelas não retirasse ou reduzisse as taxas alfandegárias aplicadas aos automóveis produzidos nos EUA.
Actualmente, a UE aplica uma taxa de 10% aos veículos de passageiros fabricados nos EUA, o que compara com os 2,5% impostos por Washington aos veículos equiparados importados da União. No entanto, no que diz respeito à importação de veículos pesados, a Europa aplica uma taxa inferior à dos EUA. Depois de Trump ter mesmo avançado com novas taxas reforçadas sobre o aço e o alumínio importados da UE, Bruxelas ripostou aplicando tarifas a uma lista de bens exportados pelos EUA para Estados-membros da União.
E esta sexta-feira, entram em vigor a nova tarifa de 25% aplicada por Washingyon a produtos chineses equivalentes a 34 mil milhões de dólares e Pequim já avisou que pretende responder na mesma moeda. Esta quarta-feira, a chanceler alemã Angela Merkel insistiu na importância de evitar a todo o custo uma guerra comercial de largo espectro.