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Merkel aceita reduzir tarifas à importação de automóveis americanos
Com o objectivo de atenuar a tensão comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia, a chanceler alemã revelou ser favorável a conversações com vista à redução das taxas alfandegárias aplicadas à importação de automóveis fabricados nos EUA.
Angela Merkel é favorável à ideia de baixar as tarifas aduaneiras impostas pela União Europeia à importação de automóveis produzidos nos Estados Unidos. A chanceler alemã afirmou esta quinta-feira, 5 de Julho, que apoia o início de conversações entre os fabricantes europeus e enviados norte-americanos com vista a um acordo.
No entanto, Merkel avisa que antes de negociações efectivas sobre esta questão é necessária "uma posição europeia comum" e alertou para o facto de qualquer compromisso ter de ser alargado a países terceiros.
A posição assumida por Merkel representa uma aproximação da chanceler ao presidente dos EUA, Donald Trump, que recentemente sinalizou disponibilidade para abandonar a lógica de ameaças em matéria comercial se a União Europeia baixar as taxas alfandegárias aplicadas ao sector automóvel norte-americano.
Esta demonstração de vontade da chanceler alemã aconteceu um dia depois de os líderes das três principais fabricantes germânicas (Daimler, BMW e Volkswagen) se terem reunido com o embaixador alemão junto dos EUA, Richard Grenell, para abordarem a problemática das taxas aduaneiras.
Uma fonte do sector automóvel revelou à Reuters que o diplomata germânico transmitiu a ideia de que a Casa Branca está aberta a deixar cair a ameaça de incrementar as tarifas sobre a importação de automóveis europeus se da parte de Bruxelas houver também alguma concessão.
Com base numa fonte europeia, o The Wall Street Journal avisa, porém, que qualquer acordo poderá exigir meses de conversações. E essas negociações terão sempre de incluir outros países – como por exemplo a Coreia do Sul e o Japão – já que as regras de pertença à Organização Mundial do Comércio inviabilizam acordos bilaterais, pelo que terá de ser encontrada uma solução plurinacional.
É esse o entendimento de Angela Merkel, que considera que a União não pode simplesmente negociar com os EUA, tendo de incluir países terceiros. Já da parte da Casa Branca, Trump defende a legalidade da negociação ao nível bilateral, o que não surpreende tendo em conta a sua oposição ao multilateralismo.
Depois da imposição, por parte dos EUA, de taxas reforçadas sobre as importações de aço e alumínio oriundos da UE, e de Bruxelas ter retaliado com tarifas sobre um valor equivalente, no mês passado, Trump ameaçou agravar as taxas aplicadas ao sector automóvel europeu. Ao que a UE respondeu com a garantia de que voltaria a responder na mesma moeda.
Trump afirmou que poderia aplicar uma taxa de 20% a 25 % à importação de veículos ligeiros exportados por Estados-membros da UE, uma medida que a ser adoptada sê-lo-ia para defesa da segurança nacional norte-americana. A exportação europeia de automóveis para os EUA vale acima de 50 mil milhões de dólares por ano, dizendo sobretudo respeito a marcas alemãs.
Já os Estados Unidos têm uma tarifa de apenas 2,5% sobre automóveis ligeiros e de 25% sobre camiões e carrinhas produzidos na UE. Por sua vez, a União aplica a mesma taxa alfandegária (10%) tanto à importação de veículos ligeiros como de pesados.