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Argentina: Macri assume responsabilidades e anuncia mais salários e menos impostos

A derrota eleitoral de domingo levou Macri a mudar o rumo da política económica. Considerando que "os argentinos não aguentam mais", o presidente argentino anunciou um pacote de medidas de alívio sobretudo destinadas à classe média numa derradeira tentativa de inverter a tendência para perder as presidenciais.

Bloomberg
14 de Agosto de 2019 às 19:24
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Após dois dias turbulentos para a bolsa, juros da dívida e peso da Argentina, o presidente Mauricio Macri anunciou uma viragem no seu programa económico no que é uma última tentativa para vencer as presidenciais de outubro. O plano económico resume-se em mais rendimentos e menos impostos, mas assenta também em medidas conjunturais como é exemplo o pagamento de um bónus de 5 mil pesos a todos os funcionários públicos no final de agosto.

Macri começou por assumir responsabilidades pela derrota nas primárias argentinas de domingo para o rival "peronista" Alberto Fernández, considerando que "os argentinos não aguentam mais" e estão "esgotados" em virtude da austeridade seguida desde que, em dezembro de 2015, sucedeu a Cristina Kirchner (agora a número dois de Fernandes) na presidência do país.

O governante pediu ainda desculpa aos argentinos pela forma "contundente" como, a quente e ainda "afetado" pela derrota de domingo, na segunda-feira criticou os eleitores que mostraram preferência pelo regresso ao "peronismo".

Garantiu ainda ter "entendido" os eleitores que optaram por "outras alternativas" nas primárias. De seguida passou a enunciar um conjunto de medidas que visam beneficiar 17 milhões de argentinos, em particular a classe média e as pequenas e médias empresas, e que terão um custo de cerca de 40 mil milhões de pesos para o orçamento do Estado.

Num discurso ao país feito ainda antes da abertura da bolsa de valores argentina, Macri frisou ainda que, se necessário para implementar as novas medidas, o governo poderá abdicar das políticas com impacto orçamental que não sejam consideradas prioritárias.



O presidente anunciou o aumento de 20% do intervalo de isenções e deduções especiais que incide sobre trabalhadores dependentes e pensionistas, o que garantirá aumentos do rendimento disponível em torno dos 2 mil pesos.

Já os trabalhadores independentes vão beneficiar de uma redução de 50% dos impostos sobre rendimentos que terão de pagar em 2019.

Mauricio Macri vai ainda aumentar o salário mínimo pela segunda vez neste ano. Embora não tenha sido avançado um valor, a imprensa adianta que deverá situar-se num reforço próximo dos 30%.

As dívidas das pequenas e médias empresas vencidas até 15 de agosto poderão ser renegociadas no âmbito de um plano a 10 anos. Os preços dos combustíveis vão ainda ficar congelados ao longo de 90 dias.

Peso acentua queda
A divisa argentina não reagiu positivamente ao anúncio presidencial. Se estava a negociar nos 0,018 dólares por cada peso, afundou para estar agora a transacionar nos mercados cambiais nos 0,0167 dólares. Esta desvalorização acentua ainda mais a subida da inflação que em junho se fixou nos 55%, o que pode limitar o impacto das medidas hoje anunciadas. 

Macri chegou ao poder com a intenção de liberalizar a economia e retirar o país das crónicas recessões, nada disso se verificou apesar do caminho de consolidação das contas públicas trilhado. Foi precisamente a política de cortes que contribuiu para a derrota de domingo, resultado esse que reforça as possibilidades de vitória de Fernández nas presidenciais cuja primeira volta tem lugar a 27 de outubro. 

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