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Secretária do Tesouro dos EUA avisa para o perigo de uma "catástrofe"
Janet Yellen diz o país não será capaz de cumprir os seus compromissos financeiros se o Congresso não autorizar o aumento do limite da dívida. E adianta que a situação "poderia minar a liderança económica" dos EUA.
Janet Yellen avisou esta quinta-feira, 11 de maio, que a subida do limite da dívida norte-americana é "a única opção viável" para evitar uma catástrofe, sublinhando que deve fazer-se tudo para se evitarem os incumprimentos.
Os avisos de Yellen surgem depois de uma reunião inconclusiva sobre esta matéria que o presidente dos EUA, Joe Biden, manteve na terça-feira com os líderes dos Republicanos e dos Democratas no Congresso. No fim dessa reunião na Casa Branca, as partes trocaram acusações de intransigência e o aumento do limite da dívida manteve-se em suspenso.
"Não devemos permitir o incumprimento, sob nenhuma circunstância", disse a secretária do Tesouro dos Estados Unidos durante uma conferência de imprensa na cidade japonesa de Niigata onde vão decorrer os trabalhos dos ministros das Finanças e dos responsáveis pelos bancos centrais do G7.
A governante traçou um cenário negro, caso o Partido Republicano impeça esta subida do limite da dívida.
A suspensão dos pagamentos nos Estados Unidos "poderia produzir uma catástrofe económica e financeira que levaria à perda de milhares de postos de trabalho, quedas nas poupanças das famílias e à deterioração dos créditos que atirariam por terra os esforços do país para se recompor dos efeitos da pandemia, assim como poderia minar a liderança económica dos Estados Unidos", disse Janet Yellen.
A situação requer uma "ação urgente" face à indicação de que os Estados Unidos não venham a ser capazes de cumprir as obrigações no mês de junho.
"Não existem razões para se gerar uma crise criada por nós", assinalou a secretária do Tesouro que pediu ao Congresso dos Estados Unidos para "atuar rapidamente" no sentido de elevar ou suspender outra vez o teto da dívida, tal como "aconteceu cerca de 80 vezes desde 1960". O atual limite máximo da dívida é de 31,4 biliões de dólares e foi atingido em 19 de janeiro.
Ao contrário do que sucede noutros países, nos EUA, o governo só pode emitir dívida até ao limite estabelecido pelo Congresso.
Questionada sobre a possibilidade de adoção de medidas capazes de solucionar o problema, Yellen mostrou-se consciente de que existem várias opções para enfrentar este tipo de situações sublinhando "que a única situação razoável é subir o limite da dívida".
As afirmações de Yellen no Japão correspondem a um crescendo do dramatismo em torno da situação, à medida que o tempo se vai esgotando, sem que exista luz ao fundo do túnel.
Há uma semana, numa carta enviada ao presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, a governante já tinha alertado que o Tesouro poderá não ser capaz de cumprir as suas obrigações governamentais "no início de junho, potencialmente a 1 de junho, se o Congresso não aumentar ou suspender o limite da dívida antes disso".