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Michel Temer: Conheça o novo presidente do Brasil

Está há mais de 100 dias no cargo, mas só agora tomou posse na sequência da condenação definitiva de Dilma Rousseff pelo Senado.

Reuters
31 de Agosto de 2016 às 21:54
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Nascido a 23 de Setembro de 1940, em Tietê, Temer é o mais novo de oito irmãos, filho de católicos maronitas que fugiram do Líbano em 1925, na sequência da instabilidade pós-Primeira Guerra Mundial. Iniciou-se na política em 1981. O político, ao que consta, sonhava ser pianista. O sonho ficou por concretizar porque não existia quem o ensinasse na pequena cidade em que morava, no interior do estado de São Paulo.


Hoje é conhecido pela sua distinção: veste fatos impecáveis e camisas sem rugas. Será também mais um Presidente saído da elitista Arcadas, a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Diz-se que sabe ser diplomático com as pessoas e rígido na hora de actuar. E dá valor à lealdade. E conhece a traição dentro do seu partido, o PMDB.

Renan Calheiros é um caso exemplar das relações de Temer com a política: foi ele que o propôs, em 1998, para ministro da Justiça do Governo de Fernando Henrique Cardoso. Passados sete anos, Calheiros chamou Temer ao seu gabinete para lhe dizer que defendera junto de Lula que Temer seria a sua escolha para presidente da Câmara dos Deputados. Temer soube depois que, na verdade, Renan Calheiros defendera Aldo Rebelo do Partido Comunista do Brasil para o cargo. Temer não foi eleito. Mas não esqueceu.

Em 2007, chegou à presidência do PMDB. Defendeu Calheiros quando este estava em queda livre. Quando Lula estava a ser assado em fogo lento pelo escândalo do "Mensalão", o PMDB apoiou o Presidente em troca da duplicação do número de ministros no Governo. Temer é assim: é um negociador puro. Hoje o PMDB é o maior partido brasileiro: tem 91 deputados e 18 no Senado. Governa nove estados, entre os quais o do Rio de Janeiro. Quando Dilma se candidatou, Temer foi escolhido pelo PMDB para vice. Nem Lula, nem Dilma o queriam, porque o consideravam voraz e muito ligado a Eduardo Cunha. Talvez soubessem que, no futuro, algo iria correr mal.


Afinal Temer foi ganhando o gosto pela política com o tempo: candidatou-se a deputado pelo PMDB em 1986. Não foi eleito, mas dois anos depois participaria na Constituinte. Depois voltou para a Secretaria da Segurança com o governador Luiz Antônio Fleury Filho. Ascendeu rapidamente no partido. Já aí demonstrou a sua dupla faceta, como contava um seu apoiante: "O Michel só é ousado nas conquistas amorosas. Na política ele é muito mais ponderado." Está casado pela terceira vez, com Marcela (a "bela, recatada e do lar", como a definiu a revista Veja, uma das pontas-de-lança da campanha contra Dilma), 42 anos mais nova do que ele. Na política, Temer prefere fazer alianças, como as que foi fazendo sobretudo desde que o PMDB rompeu com Dilma, a 29 de Março, para que esta naufragasse. Estava, segundo as suas próprias palavras, farto de ser vice-presidente decorativo. 


Há quem recorde ainda as palavras de Dilma, no seu discurso de posse em Janeiro de 2015: "Sei que tenho o apoio do meu querido Michel Temer." Agora Temer ascende ao Planalto, o seu grande sonho. Temer gosta de escrever poemas e aforismos, mas agora é tempo de prosa. Agora tem de convencer os brasileiros que combaterá a corrupção. Os agentes económicos parecem contentes: é preciso debelar a crise económica e ele leva Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante os dois governos de Lula, para a Fazenda. Nas questões sociais tudo poderá ser mais complicado face à herança do PT. Mas agora começam os desafios verdadeiros de Temer. Não na sombra, mas debaixo do sol. 

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