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Nelson Mandela: “A honra é apanágio daqueles que nunca desistem da verdade”

Os políticos, a rebelião, o multirracialismo, a honra e a liderança, são cinco dos temas abordados no livro “Arquivos Íntimos”, datado de 2010, que reúne os escritos e a correspondência trocada por Nelson Mandela durante o período em que esteve preso. Aqui ficam algumas das reflexões daquele que foi o símbolo maior da luta contra o “apartheid” na África do Sul.

Reuters
05 de Dezembro de 2013 às 22:14
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O comportamento em política

 

“Em política, o sucesso exige que sejamos capazes de incutir confiança em relação aos nossos pontos de vista e de os expressar com grande clareza, de forma muito educada, muito calma, mas sempre com muita transparência.”

 

Sobre os políticos

 

“Apenas os políticos superficiais estão a salvo de cometer erros. Os erros são inerentes à acção política. (...) Mas com o tempo, e desde que sejam flexíveis e estejam preparados para avaliar o seu trabalho com espírito crítico, adquirirão a experiência necessária e a capacidade de antecipação que lhes permitirá contornar as armadilhas comuns e escolher o caminho a seguir entre o pulsar dos acontecimentos.”

 

Auto-crítica

 

“Devo ser franco e confessar que ao olhar retrospectivamente para alguns dos meus escritos e discursos iniciais fico chocado pela sua pedanteria, artificialismo e falta de originalidade. É claramente visível a necessidade de impressionar e de me autopromover.”

 

O interesse sobre o Egipto

 

“Não era uma questão de mero interesse arqueológico, mas antes uma questão da maior importância para os pensadores africanos preocupados em recolher provas científicas para demonstrar a pretensão fictícia propagandeada pelos brancos de que a civilização teve início na Europa e que os africanos não possuem um passado tão rico como o deles.”

 

A natureza da rebelião

 

“Para as pessoas e para o mundo a rebelião deve assumir o carácter de um movimento revolucionário popular. Para o inimigo deve parecer o levantamento apenas de um número reduzido de pessoas. Devemos procurar o apoio de toda a população com um equilíbrio perfeito de todas as classes sociais. A base de apoio deve residir nas pessoas comuns, pobres e iletradas, mas os intelectuais devem ser envolvidos também.”

 

Sobre o multirracialismo

 

“Nós nunca aceitámos realmente o multirracialismo. A nossa luta é por uma sociedade não-racial, porque quando se fala de multirracialismo, estamos a multiplicar as raças. (...) E isso equivale  a perpetuar o conceito de “raça”, e nós preferimos dizer que queremos uma sociedade não-racial. (...) Lutamos por uma sociedade em que as pessoas deixem de pensar em termos de cor de pele... Não se trata de uma questão de raça; é uma questão de ideias.”

 

Ser mártir

 

“No que me diz respeito a ameaça de morte não produziu em mim qualquer vontade de assumir o papel de mártir. Estava pronto a fazê-lo se necessário fosse. Mas a vontade de viver sempre foi mais forte.”

 

Sobre a honra

 

“A honra é apanágio daqueles que nunca desistem da verdade mesmo quando as circunstâncias parecem adversas e sombrias, que tentam sem cessar, que não se deixam abater pelos insultos, pela humilhação ou mesmo pela derrota.”

 

Sobre a liderança

 

“É um erro grave para qualquer líder ser excessivamente sensível face às críticas, conduzir discussões como se fosse um professor a falar para alunos menos informados e inexperientes. Um líder deve incentivar e acolher um intercâmbio de pontos de vista livre e sem restrições.”

 

 Ser presidente

“A minha designação para presidente da República da África do Sul democraticamente eleito foi-me imposta contra o meu parecer. (...) Pouco depois de ter sido eleito presidente anunciei publicamente que cumpriria apenas um mandato e não me recandidataria a nova eleição.”

 

 

Sobre as autobiografias

 

 “Depois de ler várias autobiografias, fico com a sensação de que uma autobiografia é mais do que um mero catálogo de acontecimentos e experiências em que uma pessoa esteve envolvida, e que pode servir também como uma espécie de modelo em que outros possam obter inspiração para as suas próprias vidas. Este livro não tem tais pretensões, uma vez que não tem legado para deixar.”

 

 

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