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O legado económico de Mandela

Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro da África do Sul. Ocupou o mais alto cargo da nação durante apenas um mandato, altura essa em que cortou na despesa e captou investimento estrangeiro.

Reuters
07 de Dezembro de 2013 às 10:20
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Depois de 27 anos preso devido às suas convicções políticas, Nelson Mandela é libertado em 1990. E em 1994 é eleito Presidente da África do Sul, o primeiro presidente negro. Cumpriu apenas um mandato, de 1994 a 1999, mas conseguiu alterar a economia sul-africana de forma a que esta tenha conseguido atingir o período mais longo de crescimento da história. 

 

O apartheid – um regime de segregação racial – começou, na África do Sul, em 1948 e durou até 1994. Mais de 40 anos de políticas repressivas conduziram o país a sérias dificuldades económicas. A comunidade internacional chegou a impor sanções e boicotes à África do Sul.

 

Segundo a Bloomberg, estas políticas afastavam o investimento externo e, em 1994, quando Madiba chega ao poder, o país tinha apenas reservas monetárias para pagar dez dias de importações e um défice de 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

 

No final de 1993, o PIB sul-africano rondava os 130.406 milhões de dólares, de acordo com a Bloomberg. Naquela época, a taxa de inflação era superior a 8% e a taxa de desemprego, ascendia a quase 23%. 

 

As medidas e os aliados

 

Mandela, quando chegou à liderança do país, convidou Chris Liebenberg, ex-presidente de um dos quatro maiores bancos da África do Sul para ocupar o cargo de ministro das Finanças. E o convite foi aceite. “Aqueles foram tempos difíceis. Estávamos a caminhar para a bancarrota. Mandela tinha muita consciência de que como o ANC [Congresso Nacional Africano] nunca tinha estado no Governo não seria tão astuto como deveria ser a gerir a economia. Veio falar comigo porque fui banqueiro e tinha muitos conhecimentos e contactos internacionais”, recordou Liebenberg à Bloomberg.

 

No primeiro Orçamento do Estado que fez, Liebenberg aumentou os impostos, igualou o nível de carga fiscal para todos os grupos sociais e reduziu o orçamento para o sector da defesa. Estas medidas fizeram com que o país conseguisse obter 750 milhões de dólares através de uma emissão de obrigações, um valor 50% acima do inicialmente previsto.

 

“Fizemos grandes progressos desde o primeiro dia [do Governo de Mandela] em diante”, afirmou à Bloomberg, Chris Stals, governador do Banco Central da África do Sul. “A nossa principal tarefa era levar-nos de novo para a economia mundial. E Mandela certamente deu um grande contributo para isso. A confiança das pessoas certamente que nos permitiu” regressar a uma economia aberta.

 

Mas a confiança não foi conseguida de um momento para o outro. Para isso, Mandela teve de mudar de opinião. Ao contrário do que defendia o ANC e o próprio Mandela pouco depois de ser libertado, os lucros provenientes da mineração no país e os bancos não foram nacionalizados quando chegou ao poder. Antes de ser eleito, Madiba comprometeu-se com as empresas internacionais que os investimentos estavam seguros no país.

 

Com a crescente confiança, o investimento externo chegou em maior número e o primeiro Presidente negro dos sul-africanos conseguiu alterar as condições de acesso aos apoios sociais. Cerca de 16 milhões de pessoas conseguiram ter acesso a pensões e subsídios. E em 1996, 85% das habitações tinha electricidade.

Aqueles foram tempos difíceis. Estávamos a caminhar para a bancarrota.
 
Chris Liebenberg

 

As medidas desenvolvidas pelo Executivo de Madiba permitiram à economia expandir-se durante 15 anos consecutivos, ou seja, até 2008, quando a crise financeira mundial arrastou a África do Sul para a recessão.

 

Africa do Sul na actualidade

 

No final de 2012, o PIB registou um crescimento de 2,5% e superou os 384,3 mil milhões de dólares. A população superava os 51 milhões de pessoas. Já a taxa de desemprego continua num nível elevado e que ascende aos 24,7%. Quanto à  média salarial da população branca é 40% superior à da população negra.

 

Alguns especialistas consideram que o legado de Mandela pode estar em risco uma vez que as desigualdades permanecem. 

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