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Jornal de Angola acusa Luaty de ser financiado por Soros

O director do Jornal de Angola diz que Luaty é pago por Soros, afirma que as elites portuguesas continuam a tratar os angolanos como se fossem seus escravos e associa a Mota-Engil ao surto de febre amarela em Luanda.

26 de Dezembro de 2016 às 11:10
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José Ribeiro, director do Jornal de Angola, em editorial publicado a 25 de Dezembro, acusa o activista Luaty Beirão de ser financiado por George Soros, diz que Portugal está a apunhalar Angola pelas costas e responsabiliza a Mota-Engil pelo surto de febre amarela que atingiu Luanda.

O título do editorial, "Mensagem de harmonia expressa em dia de Natal", contradiz o teor do mesmo. "É sabido que o grupo de indivíduos julgados pela justiça angolana, financiados pelo multimilionário George Soros, no qual se incluía o cidadão português Luaty Beirão, tinha como fim último mobilizar forças para a realização de actos de violência e de terrorismo muito semelhantes aos praticados em Paris, Nice, Berlim", sustenta.

José Ribeiro identifica sempre Henrique Luaty Beirão como português, embora este tenha nascido em Angola e possua dupla nacionalidade. "A actividade em que se envolveu é típica de quem trabalha para a Open Society, de Soros, e serviços externos. A actual viagem do cidadão português à Europa, a coberto de uma campanha de propaganda mediática, destina-se apenas a receber o dinheiro pelos serviços que prestou a Soros. Cumpriu bem a missão. Por isso também foi à Suíça. Luaty não é nenhum filho do regime angolano, é um filho sem pai nem mãe, mal-educado como os deputados da estirpe de Isabel [Moreira" que se metem na Esquerda sem esconderem a sua matriz pró-apartheid." Luaty Beirão, recorde-se, é filho do já falecido José Beirão, que foi um militante proeminente do MPLA, tendo sido mesmo presidente da Fundação Eduardo dos Santos.

O ataque de José Ribeiro visa também a deputada do PS, Isabel Moreira, lembrando tratar-se da filha do antigo ministro do Ultramar, Adriano Moreira. "Quarenta e um ano depois da independência de Angola, as elites portuguesas continuam a tratar-nos com má educação, como se ainda fôssemos seus escravos".

O director do Jornal de Angola vai ainda mais longe nas suas críticas. "A Assembleia da República Portuguesa tem todo o direito de acolher de braços abertos o cidadão português Luaty Beirão. Tem até o direito de o receber com mais cordialidade do que tratou o Chefe de Estado angolano, alvo também da falta de educação recorrente dos nervosos deputados portugueses em relação aos estrangeiros. Mas quando a Assembleia da República Portuguesa e o Governo português apenas recebem bem os inimigos da paz em Angola não podem dizer  que as relações com Angola são fraternas. Aos irmãos não se apunhala pelas costas".

Mais surpreendente, neste "mensagem de harmonia", é a associação da Mota-Engil aos problemas de saúde pública registados em Luanda há um ano. "No ano de 2015, de grande significado para os angolanos, a empresa lusa Mota-Engil  foi contratada para reabilitar todos os passeios e ruas da cidade de Luanda. Durante as obras, a construtora vedou com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas. Quando nesse ano as fortes chuvas chegaram, as ruas ficaram transformadas em rios e no sítio dos esgotos abriram-se crateras que ainda hoje se vêem. Com a acumulação de charcos e lixo, as condições de saúde na capital angolana degradaram-se. A cidade foi assolada por um surto de febre-amarela.A crise só foi ultrapassada com a substituição do governo provincial, mas serviu de base a uma reportagem asquerosa da SIC, televisão de outro multimilionário, Francisco Pinto Balsemão, que aposta igualmente na desestabilização de Angola. O canal enganou os telespectadores tratando o assunto como se fosse algo recente", escreve José Ribeiro.

A Mota-Engil, recorde-se, criou em 2009 a Mota-Engil Angola, onde a Sonangol e Banco Privado Atlântico detém 49%.


Depois das acusações, o director do Jornal de Angola deixa o lamento: São muitas, pois, as punhaladas pelas costas desferidas de Lisboa. O que é pena. Os dois países têm potencial para um relacionamento exemplar". 

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