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Governador do Banco Nacional de Angola pede "investigação sobre os crimes financeiros"

Valter Filipe, governador do Banco Nacional de Angola, diz que o país precisa de "uma Procuradoria que trabalhe seriamente nos crimes de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo".

07 de Abril de 2017 às 18:00
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O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, defendeu que Angola precisa de ter "uma investigação criminal que faça uma verdadeira investigação sobre os crimes financeiros".

Walter Filipe considerou, em entrevista à Televisão Popular de Angola (TPA), que este é um passo importante para afastar a "má percepção" que existe sobre o país.

"Temos que ter uma Procuradoria que trabalhe seriamente nos crimes de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, temos de ter uma sociedade preparada para proteger o sistema financeiro e os fluxos do sistema financeiro", declarou o líder do BNA.


Temos muitas fragilidades que levam a que as instituições internacionais tenham também dificuldade de se relacionar com Angola e tomar essas decisões.
valter filipe

O governador do banco central angolano classificou como importante "ter um discurso de verdade" para que Angola recupere as relações com os bancos correspondentes internacionais. "Nós temos muitas fragilidades que levam a que as instituições internacionais tenham também dificuldade de se relacionar com Angola e tomar essas decisões".

Os bancos correspondentes são aqueles que conduzem as transferências, cobranças e conversões monetárias com base num contrato com outros bancos. Para que estas operações sejam realizadas, os bancos e outras instituições abrem contas especiais nesses bancos correspondentes.

Mecanismo de política monetária é insustentável

Para alterar este quadro, de acordo com Valter Filipe, é preciso preencher dois requisitos. O primeiro é acabar com o mercado informal de câmbio e o segundo tem a ver com uma reformulação do sistema financeiro. "Exige-se que tenhamos uma instituição, a Unidade de Informação Financeira, que seja autónoma e que tenha recursos humanos e tecnológicos suficientes para fazer uma efectiva prevenção e combate ao branqueamento de capitais. E uma supervisão do banco central que seja efectiva e controle os fluxos financeiros dentro do sistema financeiro".

Na entrevista à TPA, o governador do BNA avisa que o país tem uma "mecanismo de política monetária insustentável, perigoso e que põe em causa o futuro".

"O normal em economia de mercado é que a banca e as empresas façam o fluxo financeiro das divisas para a economia. E o banco central intervém no sistema, vende divisas ou faz leilões de divisas, em situações excepcionais, quando é necessário ou há desequilíbrios no próprio sistema. No nosso caso, o que está a acontecer é o contrário. É o banco central que disponibiliza divisas regulares e permanentes, todas as semanas, vende divisas aos bancos comerciais, e os bancos comerciais vendem essas divisas às empresas importadoras".

Previa-se que Angola ficasse igual à Venezuela

Abordando a situação da banca, Valter Filipe defendeu a necessidade de "consolidação do sistema" e reconheceu que "o problema em Angola é hoje o seu sistema financeiro". O governador do BNA considerou, contudo, que se está a trabalhar nesta área e a "ter resultados positivos".

Outra das prioridades do BNA tem sido o combate à inflação. "O que se previa no primeiro semestre de 2016 é que Angola, em Agosto, entraria numa situação em que a Venezuela hoje vive. Neste momento, devíamos ter filas de pessoas para comprar medicamentos nas farmácias, filas de pessoas para comprar alimentos nas lojas", afirmou Valter Filipe.

No entanto, o BNA e o Governo angolano conseguiram controlar a inflação e fechar 2016 com uma taxa de 40%, quando a previsão inicial era a de que seria de 55%. "Vamos reduzir significativamente a inflação para que chegue a 15,70%" prometeu Valter Filipe, assegurando que este controlo está a dar frutos. "Graças a este trabalho que estamos a fazer, Angola não está em crise aguda nem numa crise económica e financeira, social e política".

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