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Bancos angolanos precisam de levar 'compliance' a sério

Segundo o presidente da Associação de Profissionais Certificados de Compliance, Ernest Honya, 38% dos bancos angolanos correm o risco de corte de laços com instituições internacionais.

26 de Maio de 2017 às 17:24
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Os bancos angolanos necessitam de "levar a sério" o 'compliance', que envolve técnicos de uma profissão relativamente nova no país, para inverterem o afastamento atual nas relações com instituições financeiras internacionais, foi hoje defendido num encontro em Luanda.

 

O assunto foi abordado pelo presidente da Associação de Profissionais Certificados de Compliance (ACCPA), Ernest Honya, orador num seminário sobre "Compliance em África", promovido pelo Banco Nacional de Angola (BNA), liderado por Valter Filipe Duarte Silva, no âmbito do seu programa de formação de quadros, neste caso em torno das regras de combate ao branqueamento de capitais e financiamentos ilícitos ('compliance').

 

Em declarações à imprensa, no final do evento, Ernest Honya, citando dados de 2015, disse que 38% dos bancos angolanos correm o risco de corte de laços com instituições internacionais, considerando um nível alto.

 

"Isso é uma preocupação, porque isso significa que o mundo não tem confiança no sistema financeiro angolano, precisamos mudar isso, precisamos levar a sério o 'compliance', implementar as regulações em todos os bancos, para que esses bancos tenham confiança novamente (nas instituições bancárias angolanas), ainda temos muito o que fazer", referiu.

 

Segundo o responsável, a profissão do 'compliance' em Angola ainda é recente, por isso há ainda é baixo o número de membros certificados, o que representa também um problema.

 

"Precisamos que os profissionais sejam bem treinados, tenham conhecimento, para fazer o trabalho deles de maneira apropriada. Por ser uma profissão nova há ainda muito a fazer", disse Ernest Honya.

 

"Países como os Estados Unidos da América, na Europa, mesmo na Ásia, estão à frente de nós e precisamos de os alcançar, e a única forma de o fazer é levar o 'compliance' seriamente", frisou.

 

Ainda num olhar sobre os desafios do 'compliance' em África, Ernest Honya considerou as pessoas politicamente expostas uma questão central no continente, "porque os bancos em outras partes do mundo esperam que os bancos (africanos) façam diligências sobre clientes de alto risco".

 

"E as pessoas politicamente expostas são clientes de alto risco e por isso os bancos devem conduzir diligências prévias sobre esses clientes. Isso não é um problema só de Angola, é em África toda, qualquer país que falhe em conduzir essas diligências prévias nesses clientes vão ficar para trás", realçou.

 

"O sistema de 'compliance' em áfrica não está num nível global ainda, nós estamos atrasados do resto do mundo, e temos ainda muito o que fazer, não só os governos, mas também as instituições, os reguladores e mesmo os clientes, precisam entender o que isso significa, este é o único jeito de África seguir em frente, vontade política", acrescentou.

 

A ACCPA é considerada a maior e mais influente organização de conformidade anti-branqueamento de capitais e combate ao terrorismo em África.

 

Foi fundada em janeiro de 2015 e tornou-se na principal organização do continente em todas as questões relacionadas com o cumprimento das normas de prevenção ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, com mais de 2.000 membros de 450 instituições financeiras em 46 países africanos.

 

A associação, da qual fazem parte 80 membros angolanos, foi criada com o objetivo de dar resposta à crescente necessidade de treinar profissionais africanos em anti-branqueamento de capitais e combate ao terrorismo, e em desafios que são exclusivos do contexto africano.

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