Notícia
Cervejeira angolana ainda só sabe do arresto a Isabel dos Santos por comunicado de imprensa
O administrador da Sodiba, uma das empresas de Isabel dos Santos arrestadas, afirmou hoje que, mais de um mês depois, só sabe daquela decisão pelo comunicado de imprensa e que a cervejeira apenas tem recursos para funcionar até março.
10 de Fevereiro de 2020 às 11:46
Em entrevista à agência Lusa, Luís Correia, presidente do conselho de administração da Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (Sodiba), que produz em Luanda a marca própria de cerveja Luandina e a portuguesa Sagres, garantiu que a empresa, para já, está a "laborar normalmente" e que de dezembro para janeiro, no primeiro mês após o arresto decretado pelo tribunal, as vendas até cresceram 13%.
"No curto prazo a situação está normalizada e controlada, o que me preocupa é o médio prazo", afirmou Luís Correia, aludindo à sua proposta, aprovada pelos acionistas, de um plano de negócios dependente da injeção de 1.500 milhões de kwanzas (2,7 milhões de euros) no primeiro trimestre, essencialmente para compra de matéria-prima, travado pelo arresto anunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana em 30 de dezembro às empresas de Isabel dos Santos.
"Estes valores são essenciais para nos permitir o investimento em embalagens de vasilhame, grades e garrafas, pois o mercado angolano, fruto da falta de poder de compra, é um mercado cada vez mais de retornável, bem como, para pagamentos de responsabilidades vencidas a fornecedores e compra de matéria prima para dar continuidade ao negócio", explicou o administrador, português.
Só em janeiro, esse plano de negócios previa uma injeção de 600 milhões de kwanzas (1,1 milhão de euros) que não foi concretizada, com Luís Correia a recordar que com apenas três anos a empresa ainda não gera 'cash flow' suficiente para cumprir com todas as responsabilidades, o que só deverá acontecer em 2021. A isto, acrescenta, surgem as "responsabilidades" junto dos bancos financiadores, com prestações de juros que vencem, diz, no primeiro trimestre deste ano.
"Com o arresto dos bens dos últimos beneficiários da Sodiba e o congelamento das suas contas bancárias, a exequibilidade deste plano de negócios está em causa, bem como o cumprimento das responsabilidades junto dos bancos financiadores que estão muito preocupados com as potenciais imparidades e provisões que esta situação possa gerar", alertou.
Em dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, o congolês Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais, por alegados negócios privados que terão lesado o Estado angolano.
Com o arresto, divulgado em comunicado de imprensa pela PGR, a Sodiba foi uma das mais afetadas, uma vez que conta apenas com Isabel dos Santos e Sindika Dokolo como acionistas, aguardando-se entretanto a apresentação em tribunal da ação principal.
"Absolutamente nenhuma informação por parte do tribunal. Aliás, a Sodiba nunca foi formalmente notificada do Despacho-Sentença e apenas dele tomou conhecimento pelo comunicado de imprensa do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da PGR de Angola", afirmou Luís Correia. Questionado pela Lusa, explicou que apenas foram feitas, entretanto, duas reuniões, para "alguns esclarecimentos e a pedido da administração de cervejeira, com a direção jurídica do Banco Nacional de Angola.
Apreensivo com a indefinição atual, aponta para as consequências da falta de injeção do capital previsto até ao final de o próximo mês: "Se o arresto se prolongar no tempo e se nenhuma decisão for tomada no sentido de permitir o apoio dos acionistas à Sodiba, conforme previsto e necessário, a viabilidade da empresa tal como estava pensada e idealizada está claramente condicionada".
A Sodiba emprega atualmente, de forma direta, 390 colaboradores na fábrica, logística, distribuição e serviços centrais, além de 130 colaboradores na área comercial.
Luís Correia garante que "no imediato nenhum posto de trabalho está em risco", o mesmo acontecendo com a produção das cervejas Luandina e Sagres, tendo em conta que a empresa "está a crescer" e tem um plano de negócios para implementar em 2020.
"Quero acreditar que toda esta situação se vai resolver, de uma forma ou de outra, e que os acionistas poderão injetar na Sodiba os valores necessários à continuidade, como previsto e como é sua vontade expressa", afirma, recordando que os acionistas (Isabel dos Santos e Sindika Dokolo) já investiram naquela fábrica mais de 160 milhões de dólares (146,1 milhões de euros) desde 2017.
Luís Correia, escolhido em 2019 por Isabel dos Santos para liderar Sodiba, está em Angola desde 2006, inicialmente no grupo Refriango, também na área das bebidas, onde chegou a ser administrador-executivo. Exerceu depois, durante quatro anos, funções de direção no Grupo Castel, que produz a histórica cerveja angolana Cuca, liderando a equipa responsável por vendas de 40 mil milhões de litros de cerveja e mais de 15 mil milhões de litros de refrigerantes e bebidas não alcoólicas.
Segundo dados da empresa, a Sodiba pagou mais de 1.971 milhões de kwanzas (3,6 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) de impostos em 2019. De acordo com o plano de negócios para 2020, este ano deverá contribuir para os cofres do Estado angolano com cerca de 3.000 milhões de kwanzas (5,5 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), também em impostos, devido ao previsto "aumento de vendas, mas também do aumento da carga fiscal nas cervejas".
"No curto prazo a situação está normalizada e controlada, o que me preocupa é o médio prazo", afirmou Luís Correia, aludindo à sua proposta, aprovada pelos acionistas, de um plano de negócios dependente da injeção de 1.500 milhões de kwanzas (2,7 milhões de euros) no primeiro trimestre, essencialmente para compra de matéria-prima, travado pelo arresto anunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana em 30 de dezembro às empresas de Isabel dos Santos.
Só em janeiro, esse plano de negócios previa uma injeção de 600 milhões de kwanzas (1,1 milhão de euros) que não foi concretizada, com Luís Correia a recordar que com apenas três anos a empresa ainda não gera 'cash flow' suficiente para cumprir com todas as responsabilidades, o que só deverá acontecer em 2021. A isto, acrescenta, surgem as "responsabilidades" junto dos bancos financiadores, com prestações de juros que vencem, diz, no primeiro trimestre deste ano.
"Com o arresto dos bens dos últimos beneficiários da Sodiba e o congelamento das suas contas bancárias, a exequibilidade deste plano de negócios está em causa, bem como o cumprimento das responsabilidades junto dos bancos financiadores que estão muito preocupados com as potenciais imparidades e provisões que esta situação possa gerar", alertou.
Em dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, o congolês Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais, por alegados negócios privados que terão lesado o Estado angolano.
Com o arresto, divulgado em comunicado de imprensa pela PGR, a Sodiba foi uma das mais afetadas, uma vez que conta apenas com Isabel dos Santos e Sindika Dokolo como acionistas, aguardando-se entretanto a apresentação em tribunal da ação principal.
"Absolutamente nenhuma informação por parte do tribunal. Aliás, a Sodiba nunca foi formalmente notificada do Despacho-Sentença e apenas dele tomou conhecimento pelo comunicado de imprensa do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da PGR de Angola", afirmou Luís Correia. Questionado pela Lusa, explicou que apenas foram feitas, entretanto, duas reuniões, para "alguns esclarecimentos e a pedido da administração de cervejeira, com a direção jurídica do Banco Nacional de Angola.
Apreensivo com a indefinição atual, aponta para as consequências da falta de injeção do capital previsto até ao final de o próximo mês: "Se o arresto se prolongar no tempo e se nenhuma decisão for tomada no sentido de permitir o apoio dos acionistas à Sodiba, conforme previsto e necessário, a viabilidade da empresa tal como estava pensada e idealizada está claramente condicionada".
A Sodiba emprega atualmente, de forma direta, 390 colaboradores na fábrica, logística, distribuição e serviços centrais, além de 130 colaboradores na área comercial.
Luís Correia garante que "no imediato nenhum posto de trabalho está em risco", o mesmo acontecendo com a produção das cervejas Luandina e Sagres, tendo em conta que a empresa "está a crescer" e tem um plano de negócios para implementar em 2020.
"Quero acreditar que toda esta situação se vai resolver, de uma forma ou de outra, e que os acionistas poderão injetar na Sodiba os valores necessários à continuidade, como previsto e como é sua vontade expressa", afirma, recordando que os acionistas (Isabel dos Santos e Sindika Dokolo) já investiram naquela fábrica mais de 160 milhões de dólares (146,1 milhões de euros) desde 2017.
Luís Correia, escolhido em 2019 por Isabel dos Santos para liderar Sodiba, está em Angola desde 2006, inicialmente no grupo Refriango, também na área das bebidas, onde chegou a ser administrador-executivo. Exerceu depois, durante quatro anos, funções de direção no Grupo Castel, que produz a histórica cerveja angolana Cuca, liderando a equipa responsável por vendas de 40 mil milhões de litros de cerveja e mais de 15 mil milhões de litros de refrigerantes e bebidas não alcoólicas.
Segundo dados da empresa, a Sodiba pagou mais de 1.971 milhões de kwanzas (3,6 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) de impostos em 2019. De acordo com o plano de negócios para 2020, este ano deverá contribuir para os cofres do Estado angolano com cerca de 3.000 milhões de kwanzas (5,5 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), também em impostos, devido ao previsto "aumento de vendas, mas também do aumento da carga fiscal nas cervejas".