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Cervejeira de Isabel dos Santos que produz Sagres em Angola em risco de falência

“Sem a capacidade de os acionistas apoiarem, o risco de colapso será uma realidade a curto prazo”, admite o CEO da Sodiba, a cervejeira angolana que produz mais de 30 milhões de litros de Sagres por ano. Empresa portuguesa controlada pela holandesa Heineken desvaloriza.

Miguel Baltazar
05 de Fevereiro de 2020 às 17:13
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A Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (Sodiba), uma das empresas arrestadas pelo Tribunal de Luanda e que tem como acionistas únicos Isabel dos Santos e o seu marido Sindika Dokolo, corre o risco de falência a curto prazo, devido à impossibilidade de os seus donos cumprirem o programa de investimento.

 

"Temos feito um percurso de crescimento e estamos a ter bons resultados com o crescimento da quota de mercado, a nível nacional, e a conquista de contratos a nível internacional, mas, sem a capacidade de os acionistas apoiarem, o risco de colapso será uma realidade a curto prazo", admitiu o CEO da Sodiba, Luís Correia, em declarações ao jornal angolano Valor Económico.

 

É que a fabricante da cerveja Luandina e da portuguesa Sagres carece de investimento contínuo para se manter em pleno funcionamento, com o seu presidente executivo a estimar que, só este ano, a empresa precisa de investir 1,5 mil milhões de kwanzas [perto de três milhões de euros] em vasilhames - "isto é o mínimo para permitir às marcas crescerem em linha com as necessidades da empresa", explicou ao mesmo jornal.

 

A Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC) desvalorizou a situação da Sodiba, na sequência do arresto judicial: "O acordo existente em Angola mantém-se", reagiu fonte próxima da empresa portuguesa que é controlada pela holandesa Heineken, reportando-se à parceria com a cervejeira angolana, em que esta produz a marca Sagres sob licença e paga royalties de acordo com as vendas.

 

A Sagres começou a ser produzida em Angola em março de 2017, tendo no ano seguinte vendido cerca de 30 milhões de litros no mercado local, de acordo com os números divulgados pela SCC.

 

De resto, a mesma fonte remeteu "para o despacho judicial angolano qualquer esclarecimento".

 

Voltando às declarações do CEO da Sodiba ao Valor Económico, Luís Correia estima que apenas a partir de 2021 é que a empresa dispensará a injeção de capital dos acionistas.

 

"A Sodiba é uma empresa com necessidade de investimento e onde a engenheira Isabel dos Santos injetou, ao longo dos últimos anos, biliões de kwanzas para apoio aos défices de exploração, reforço de fundo de maneio e garantia de investimento. Foram investidos valores significativos em marketing e, no último ano (2019), mais de dois mil milhões de kwanzas em grades e garrafas para reforçar a presença no formato retornável", contabilizou o mesmo gestor.

 

A falência da Sodiba, que foi inaugurada em dezembro de 2016, fruto de um investimento inicial de 150 milhões de dólares (135,7 milhões de euros), colocaria no desemprego cerca de 500 pessoas.

 

A Sodiba tem, ainda, uma participação de 51% na fábrica de embalagens de vidros Embalvidro, cuja construção está orçada em 120 milhões de dólares (108,6 milhões de euros) e tinha inauguração inicialmente prevista para o ano passado.

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