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Angola perde 116 milhões por ano com garimpo ilegal de ouro

Segundo Moisés David, presidente da Agência Reguladora do Ouro, saem todos os anos ilegalmente do país três toneladas deste metal precioso. As autoridades angolanas consideram a situação preocupante.

Guenter Schiffmann/Bloomberg
13 de Abril de 2017 às 19:33
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Angola pode estar a perder anualmente mais de 116 milhões de euros em ouro, extraído no país e exportado ilegalmente, segundo informação das autoridades angolanas.

De acordo com o presidente do conselho de administração da Agência Reguladora do Ouro, Moisés David, três toneladas daquele metal precioso serão exportadas por ano, ilegalmente. Isto implica, face a dados recolhidos pela Lusa com base na cotação oficial (38,83 gramas por grama), uma verba de 116,5 milhões de euros em exportações perdidas todos os anos.

Na quarta-feira, em declarações aos jornalistas em Luanda, à margem de uma mesa redonda sobre a operacionalização do Mercado do Ouro, Moisés David admitiu que o cenário actual é preocupante, sendo necessário estudar o fenómeno nas regiões do país que são mais afectadas pelo garimpo ilegal, como a província de Cabinda, mas também no Cuanza Norte e na Huíla.

"A prática é feita na sua maioria em regiões aluvionares ou melhor nos leitos dos rios. E se tivermos que falar só de receitas directas, as informações que temos rondam em três toneladas de ouro, que são explorados ilegalmente de Angola e que saem das nossas fronteiras e vão parar à Tanzânia, Dubai e outros países", afirmou Moisés David, citado pela imprensa local.

O responsável insistiu que a actividade de garimpo ilegal em Angola está a atingir proporções alarmantes, defendendo por isso o agravamento do quadro punitivo destas actividades ilícitas ou mesmo o enquadramento destes exploradores na actividade formal, sob pena de se continuarem a perder receitas.

A Lusa noticiou em Junho de 2016 que a mina de ouro do Limpopo, na província angolana da Huíla, deverá entrar em produção industrial até 2018, apresentando um potencial inicial anual, em valores comerciais, superior a 25 milhões de euros.

Trata-se da primeira mina de ouro em Angola a ser explorada depois da independência, em 1975, e abrange uma área de concessão de 1.930 quilómetros quadrados, conforme explicou João Diniz, administrador da empresa angolana Ferrangol, concessionária estatal do sector.

"Terá uma produção de 780 mil toneladas/ano de minério. Isto pode resultar numa produção de até 22.218 onças/ano, para começar. Estamos a falar de uma mina que pode evoluir de pequena para grande", disse na altura o administrador, realçando que a área de exploração ainda é pequena e poderá vir a ser alargada.

Uma onça de ouro estava cotada hoje em mais de 1.200 euros no mercado internacional, pelo que a produção desta mina pode representar um encaixe financeiro anual, na primeira fase, que arranca até 2018, entre 25 a 26 milhões de euros.


Nesta altura estão ainda em curso prospecções no Chipindo e Mpopo, além da previsão do "grande projecto integrado de Kassinga e Kassala Kitungo", sendo as províncias da Huíla e do Huambo alvo do maior interesse.

A extracção já acontece na província de Cabinda, mas de forma artesanal e por vezes ilegal, o que levou à abertura, por parte daquele ministério, de algumas lojas para a "captação" desse ouro.

A aposta neste subsector mineiro motivou a criação, em maio de 2014, da Agência Reguladora do Mercado do Ouro de Angola.

"Uma vez que se trata de um mineral estratégico, não podemos deixar que seja comercializado sem regras", afirmou na ocasião o ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco Queiroz.

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