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Crise em Angola travou compra de cerveja ao estrangeiro

A cerveja estrangeira foi das mais afectadas pela crise em Angola e, no terceiro trimestre de 2016, praticamente deixou de ser importada, não figurando entre os produtos mais comprados ao exterior.

DR
14 de Abril de 2017 às 16:34
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Segundo o mais recente relatório do Conselho Nacional de Carregadores (CNC) - tutelado pelo Ministério dos Transportes e que coordena as operações de comércio e transporte marítimo internacionais -, entre Julho e Setembro de 2016, a quantidade de cerveja importada por Angola não foi suficiente para integrar a lista dos 100 tipos de produtos mais importados.

Só no terceiro trimestre de 2014, antes da crise gerada pela quebra na cotação do barril de crude, Angola importou, segundo o CNC, 63.727 toneladas de cerveja, sobretudo de Portugal. Desta forma, a importação de cerveja representou 2,24% de todas as compras feitas por Angola no exterior, naquele período de 2014, figurando na nona posição da lista dos produtos mais importados pelo país.

No primeiro trimestre de 2016, a importação de cervejas de malte já tinha descido para 8.101 toneladas (em três meses), acentuando as quebras nos meses seguintes, devido às dificuldades na obtenção de divisas pelos importadores.

Dificuldades compensadas pelo aumento na produção interna de cerveja, nomeadamente com novas marcas produzidas em Angola. É o caso da cerveja da marca Bela, produzida pela Lowenda Brewery Company, do grupo China International Fund (CIF), que aumentou em 2015 a produção nacional, reforçada já em 2016 com a marca Tigra, do grupo angolano Refriango, líder nacional no sector das bebidas.

No final de 2016, foi a vez de a portuguesa Sagres passar a ser produzida em Luanda, através da Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (SODIBA), da empresária angolana Isabel dos Santos.

A importação de bebidas, segundo dados do executivo angolano, cifrava-se anualmente em cerca de 400 milhões de dólares (377 milhões de euros) antes da crise, mais de metade proveniente de exportações de empresas portuguesas, nomeadamente cerveja.

Contudo, tendo em conta a capacidade instalada das fábricas nacionais, que já então não estava a ser utilizada, e como forma de dinamizar a produção local, o Governo angolano anunciou para 2015 um sistema de quotas à importação de bebidas, o qual não chegou a ser implementado.

Entretanto, a crise generalizada e a falta de divisas acabaram por reduzir fortemente, e de forma natural, as compras ao exterior. No caso das cervejeiras portuguesas, ainda com as promessas de construção de fábricas próprias em Angola por concretizar.

No terceiro trimestre de 2016, Angola comprou 5.797 toneladas de vinho (38.º produto mais importado) ao exterior - em que Portugal é o maior fornecedor nacional -, o que compara com as 30.609 toneladas (16.ª posição) do terceiro trimestre de 2014, antes do início da crise petrolífera, também afectada nomeadamente pela dificuldade na obtenção de divisas.

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