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Um em cada cinco portugueses já foi vítima de fraude

A percepção envolve sobretudo casos de corrupção e suborno e é maior entre as mulheres e no Interior e no Sul do país. Inquérito mostra descrença na justiça e aponta o Fisco e as empresas públicas como os maiores alvos.

Bruno Simão/Negócios
01 de Junho de 2017 às 13:24
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Quase um em cada cinco portugueses (18%) afirma já ter sido um alvo directo de procedimentos fraudulentos, sendo ligeiramente inferior a percentagem de pessoas que diz ter tido também conhecimento de casos em que a fraude vitimou amigos (16%), familiares (15%) e a organização em que trabalha (7%).

 

Segundo um estudo apresentado esta quinta-feira, 1 de Junho, na Faculdade de Economia do Porto (FEP), a Autoridade Tributária e as empresas públicas são consideradas as instituições em que a fraude é superior, seguidas de perto pelas autarquias locais, pelas empresas financeiras e pelos tribunais e instituições militares e policiais.

 

Estes dados resultam do Índice de Percepção de Fraude em Portugal, realizado pelo Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) em colaboração com a Gfk, que questionou mais de mil pessoas em Setembro de 2016. Em termos gerais, 81% dos inquiridos considera que a fraude aumentou nos 12 meses anteriores, sendo esta percepção mais elevada entre as mulheres e no Interior e no Sul do país.

 

Esta é a primeira edição do Índice e a avaliação servirá de base para aferir a tendência nos próximos anos. Mas os resultados obtidos pela equipa liderada por Óscar Afonso mostram, desde já, que a percepção do aumento da fraude é "claramente superior" na corrupção e suborno do que nos restantes sete tipos considerados, como a fraude fiscal, a utilização indevida de bens, a apropriação de dinheiro, o uso de informação privilegiada ou a fraude contra os consumidores.

 

Além disso, a corrupção e suborno e a fraude fiscal são aquelas que são percepcionadas pelos portugueses como sendo actualmente as de maior dimensão (3,8 numa escala de 5 pontos, em que 5 = muito grande), conclui o OBEGEF, que desde 2011 realiza também o Índice de Economia Não Registada, que na última edição evidenciou que o peso no PIB português voltou a aumentar em 2014 e 2015, ascendendo a 27,3%.

 

Muitas notícias e pouca crença na justiça

 

Os questionários envolveram sete dimensões relativas à fraude (como a evolução, o tamanho ou o tipo) e incluíram também 15 questões sociodemográficas. Os dados resultantes destas mais de 60 mil observações ainda estão a ser analisados, mas o presidente do Observatório adianta, por exemplo, que a fraude é mais percepcionada por quem trabalha por conta própria, por quem tem um nível de escolaridade média (9.º ou 12.º ano) ou que os estudantes são quem tem uma menor percepção deste fenómeno.

 

No extremo oposto estão as domésticas. Passam mais tempo em casa e, por isso, vêem mais televisão, o que, assinalam os investigadores, contribui para o aumento da percepção de fraude nesta população. É que 71% dos inquiridos considera que o destaque dado pela Comunicação Social a este tipo de casos aumentou no último ano.

 

Pequena (33%) ou muito pequena (19%) é como os portugueses avaliam a eficácia do sistema judicial no combate à fraude, sendo menos de 20% os que consideram que ela é grande ou muito grande. O estudo divulgado esta manhã nas instalações da FEP mostra ainda que é no Alentejo, no Algarve e no Interior do país que há maior descrença nos tribunais, no Ministério Público ou nas polícias para atacar esta tipologia de crimes.

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