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Prisão domiciliária? “Não vejo que Sócrates se sujeitasse a uma coisa dessas”, diz advogado

O advogado de José Sócrates, João Araújo, admite que foi visitar o ex-primeiro-ministro a Paris antes de este ser detido, lança críticas ao Ministério Público e insiste na tese de que este não deveria estar preso.

Miguel Baltazar/Negócios
Negócios 04 de Fevereiro de 2015 às 10:32
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João Araújo considera que José Sócrates não devia estar detido, nem sequer em prisão domiciliária. Em entrevista ao i, publicada esta quarta-feira, e questionado sobre se preferia que Sócrates estivesse em prisão domiciliária, o advogado começou por dizer que "não há nenhuma razão para estar preso" e que "não há preferências". Quanto à prisão domiciliária, "não vejo que o senhor engenheiro José Sócrates se sujeitasse a uma coisa dessas. Não vejo. Andar com uma anilha? Nem os pombos", atirou.

 

O advogado desmentiu as teses de que Sócrates recebia dinheiro em malas e negou que esteja a articular a estratégia de defesa com o advogado do ex-motorista João Perna. "Entre nós não há tendências para pactos, não usamos esses expedientes". Quanto aos factos que ligam Sócrates a corrupção, o advogado confirma que o único que foi apresentado pela acusação é uma conversa entre Sócrates e o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.

 

Alegando desconhecer o montante do alegado empréstimo de Carlos Santos Silva a Sócrates, João Araújo sublinha que "Sócrates tinha noção de que Santos Silva era uma pessoa rica". No dia da detenção de Sócrates, João Araújo assume que foi a Paris por "ter havido buscas a casa do filho dele e da ex-mulher dele" e por "terem sido detidos o motorista e Carlos Santos Silva". Não regressaram juntos porque Araújo tinha voo "numa companhia modesta", ao passo que Sócrates veio na Air France.

 

Quando chegou a Paris, conta, o advogado encontrou o ex-governante "determinado". E reproduziu uma frase de Sócrates: "eu fui primeiro-ministro, se não for eu a respeitar as instituições, quem é que as vai respeitar?". Sobre o almoço com Pinto Monteiro, ex-procurador-geral da República, na semana da detenção, Araújo diz ter "muitas dúvidas que ele soubesse fosse do que fosse". "Tenho dúvidas que nesse almoço se tenha falado desse assunto", afiançou.

 

Araújo também lança críticas à comunicação social. Salientando ter sido educado com um código em que "não se bate numa pessoa que está caída, não se goza com um preso, não se brinca com um doente". "Mas o que assisto é a um bacanal contra uma pessoa que está presa  e não se pode defender. Está sujeito a toda a maledicência, à fantasia, a falsidades e algumas coisas verdadeiras, mas não tem possibilidade de se defender", criticou.

 

Presidência tem natureza passiva

 

João Araújo também disse não acreditar que Sócrates se queira candidatar à Presidência da República. "Ainda eu não era advogado de José Sócrates e fiz-lhe essa pergunta, se ele queria ser Presidente da República, e ele respondeu-me: ‘você é maluco!’. Não o estou a ver com tal vontade, o perfil dele não se coaduna com a natureza passiva do cargo de Presidente da República", sustentou.

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