Notícia
Juiz Carlos Alexandre preocupado "com sucessão de escândalos na área financeira"
O juiz Carlos Alexandre diz, em entrevista publicada no sábado no jornal O Expresso, que vê cada vez mais casos em que as pessoas se deixam tentar, quando na realidade esperava que a corrupção estivesse mais circunscrita.
"Estou muito preocupado com a sucessão de escândalos na área financeira", salienta o juiz Carlos Alexandre - juiz de instrução da Operação Marquês - em entrevista ao Expresso, que será publicada na íntegra na edição impressa do semanário, este sábado, 17 de Setembro.
Sobre os processos de que tem conhecimento, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal refere que "em termos de corrupção, em vez de as coisas se circunscreverem, vejo aparecerem cada vez mais casos em que as pessoas se deixam tentar". "Pelo menos indiciariamente".
Nesta entrevista, diz também que continua a defender a criminalização do enriquecimento ilícito. "Defendi quando houve uma petição e continuo a achar, embora compreenda os senhores juristas mais insignes do que eu que defendem que já há instrumentos legais e que não há necessidade da existência de um crime-chapéu, que salvaguardando sempre a não inversão do ónus de prova seria importante achar uma formulação que não colidisse com esse imperativo constitucional", afirma.
Esta foi uma semana cheia de polémicas, recorde-se, depois de Carlos Alexandre ter dito numa entrevista à SIC, emitida no dia 8, que não tem "amigos pródigos" e que por isso tem "de trabalhar" para fazer face "aos encargos".
Esta sexta-feira, 16 de Setembro, ex-primeiro-ministro José Sócrates acusou Carlos Alexandre de ter feito uma "insinuação torpe e covarde" a seu respeito ao afirmar à SIC que não tinha dinheiro em contas de amigos.
Antes disso, a sua defesa levantou um incidente de suspeição no Tribunal da Relação de Lisboa. Ontem, 15 de Setembro, o Conselho Superior da Magistratura decidiu adiar a análise que disse que irá fazer à entrevista de Carlos Alexandre à SIC.
No dia 14, a defesa de José Sócrates apresentou um pedido de afastamento de Carlos Alexandre do processo Operação Marquês, no qual o antigo primeiro-ministro José Sócrates é arguido. O prazo para a conclusão da investigação foi estendida até Março do próximo ano pela procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal.