Notícia
Sócrates pede afastamento de juiz Carlos Alexandre
O pedido surge no seguimento de uma entrevista concedida pelo magistrado à estação de televisão SIC na passada quinta-feira.
O pedido de afastamento de Carlos Alexandre do processo Operação Marquês, no qual o antigo primeiro-ministro José Sócrates é arguido, surge no seguimento de uma entrevista concedida pelo magistrado à estação de televisão SIC na passada quinta-feira.
Na entrevista, Carlos Alexandre disse sentir-se "escutado" no seu dia-a-dia, acrescentando que não é rico nem tem amigos que o sejam.
"Não tenho fortuna pessoal, nem herdada, não tenho amigos pródigos, os meus encargos só são sustentados com trabalho sério", referiu.
Num artigo de opinião publicado sábado no Diário de Notícias, José Sócrates já havia revelado ter dado instruções aos seus advogados "para apresentarem as respectivas queixas aos órgãos judiciais competentes", entendendo que a referência aos amigos foi uma "alusão" baseada "na imputação que o Ministério Público" lhe faz nesse processo.
Entretanto, o Conselho Superior da Magistratura, órgão de gestão e disciplina dos juízes, já anunciou que vai analisar o teor da entrevista, em reunião plenária marcada para dia 27.
Contactado pela agência Lusa, João Araújo, um dos advogados de Sócrates, disse que só fará "comentários quando chegar a altura própria".
Em finais de Março, o director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, fixou para quinta-feira (15 de Setembro) o prazo limite para a conclusão do inquérito da Operação Marquês.
Contudo, em Julho, numa entrevista, Amadeu Guerra disse que não garantia que o prazo de 15 de Setembro fosse cumprido.
João Araújo disse hoje à agência Lusa que "não recebeu nenhuma informação" sobre se o inquérito ficará concluído dentro do prazo estabelecido pelo DCIAP.
"Vou aguardar pela meia-noite de amanhã (quinta-feira)", adiantou.
A Operação Marquês conta com mais de uma dezena de arguidos, incluindo José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, e que está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito.
Além de Sócrates, são também arguidos no processo o ex-administrador da CGD e antigo ministro socialista Armando Vara e a sua filha Bárbara Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.