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Carlos Alexandre poderá deixar caso Sócrates
A entrevista do Juiz Carlos Alexandre, na semana passada à SIC, continua a marcar a actualidade no plano judicial. O processo de José Sócrates poderá mudar de mãos.
Carlos Alexandre poderá pedir escusa de todos os processos que tem em mãos, incluindo os da operação Marquês, onde se inclui o de José Sócrates, caso lhe seja aberto um processo disciplinar na sequência da entrevista que concedeu a semana passada. A decisão da abertura de um inquérito cabe ao Conselho Superior de Magistratura, que no próximo dia 27 analisará as declarações públicas de Carlos Alexandre à luz do "dever de reserva", escrevem Jornal de Notícias e Correio da Manhã.
Em cauda estão afirmações como o de ter dito que tem de trabalhar para pagar contas, pois não tem "dinheiro em nome de amigos nem contas bancária em nome de amigos", o que foi entendido por muitos como uma referência ao caso de José Sócrates, de que Carlos Alexandre é o juiz de instrução. Essa é também a interpretação de uma queixa que o CSM recebeu de cidadão, "aparentemente sem qualquer ligação ao mundo judiciário ou a qualquer processo", afirma fonte oficial do órgão de gestão e disciplina aos juízes.
Diferente interpretação tem Manuela Paupério, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP): "Creio, sinceramente, nunca esteve na mente do colega aludir a coisa nenhuma", disse na TSF. O dever de reserva impede os juízes de comentar os casos que estão a julgar, mas não os impede de falar da sua vida privada.
Se Carlos Alexandre pedir escusa do processo e esta for aceite, o inquérito passará para o juiz Ivo Rosa. Neste momento a operação Marquês conta com mais de 30 mil folhas, cinco milhões de ficheiro informáticos e 13 arguidos, lembra o Correio da Manhã.
No seguimento das declarações de Carlos Alexandre, também o próprio ex-primeiro-ministro fez saber que iria processar o juiz de instrução criminal que está com o processo.