Notícia
Prazo de investigação a Sócrates estendido até Março de 2017
A Procuradoria-Geral da República prolonga por mais seis meses (180 dias) o prazo para terminar o inquérito na Operação Marquês. O prazo fixado até aqui era 15 de Setembro. Uma nova extensão "só a título muito excepcional".
"Concede-se o prazo de cento e oitenta (180) dias para a realização de todas as diligências de investigação consideradas imprescindíveis para o esclarecimento dos factos e definição das responsabilidades criminais, e para o necessário encerramento do inquérito", indica o comunicado emitido pela PGR.
Um novo prolongamento além do decidido em Março só poderia ser feito por "razões excepcionais justificadas e fundamentadas". De acordo com o comunicado da PGR, foram identificadas "circunstâncias imponderáveis e extraordinárias [que] impediam a conclusão da investigação".
São quatro as circunstâncias descritas: o aparecimento de novos factos; a identificação de "suspeitas de operações de favor em novas áreas de negócio"; a ausência "parcial" de cumprimento "dos pedidos de cooperação internacional dirigidos à justiça da Suíça e do Reino Unido"; a existência de ficheiros informáticos que foram apreendidos mas que ainda não foram sujeitos a perícia.
Neste momento, não só o Ministério Público assume que ainda não conseguiu cumprir a sua missão neste caso ("pela complexidade dos autos e pelos novos elementos recolhidos) como também "não foi ainda possível ao órgão de polícia criminal que coadjuva o Ministério Público nesta investigação, apesar do vasto trabalho desenvolvido, entregar o relatório final".
Dando o DCIAP conta destes factos à hierarquia, a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, definiu a extensão do prazo por considerar que o atraso "não" se deveu a "ausência de iniciativa investigatória" (aliás, não há qualquer adopção de natureza disciplinar pelo facto).
Prazo ainda pode mexer
O comunicado da PGR defende que abrir uma nova extensão do prazo. "Só a título muito excepcional, mediante requerimento fundamentado dos magistrados titulares, poderá ser admitida a possibilidade de prorrogação deste prazo".
"No âmbito deste inquérito já foram realizadas mais de 150 buscas e quase 130 inquirições e interrogatórios, tendo também já sido identificada a necessidade de proceder a diligências complementares de prova", indica a PGR, acrescentando que há já foram constituídos "18 arguidos no âmbito deste inquérito, no qual se investigam suspeitas da prática de crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
O anúncio da decisão da PGR surge no mesmo dia em que a defesa de José Sócrates apresentou um pedido de recusa do juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal.
O pedido de afastamento de Carlos Alexandre do processo Operação Marquês surge no seguimento de uma entrevista concedida pelo magistrado à estação de televisão SIC na passada quinta-feira. Na entrevista, Carlos Alexandre disse sentir-se "escutado" no seu dia-a-dia, acrescentando que não é rico nem tem amigos que o sejam.
(Notícia actualizada às 20:00 com mais informações)