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Carro de irmão de Sócrates pago por Carlos Santos Silva

O Público ouviu a gravação do interrogatório a Joaquim Conceição, presidente executivo do grupo Lena. Não houve alusões a eventuais subornos a Sócrates mas o gestor assumiu a existência de uma relação estreita entre o ex-primeiro ministro e Carlos Santos Silva.

Negócios 30 de Setembro de 2016 às 10:26
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Quando morreu, o irmão de José Sócrates acumulou rendas em atraso no valor de 30 mil euros com a Rentlei, uma empresa de rent-a-car do grupo Lena. O valor foi assumido pelo grupo e descontado a Carlos Santos Silva, o amigo do ex-primeiro ministro e um dos principais arguidos na Operação Furacão.

A história é contada esta sexta-feira pelo jornal Público, que teve acesso a mais de três horas de gravação do depoimento de Joaquim Conceição, presidente do grupo Lena, e é mais um episódio que dá conta da estreita relação que existia entre José Sócrates e Carlos Santos Silva, seu amigo de infância e que o Ministério Público sustenta ser seu testa-de-ferro.

Ao contrário do que tinha referido o Correio da Manhã, o Público garante que ao longo das três horas de gravação, Joaquim Conceição nunca fala do pagamento de subornos a José Sócrates e que, muitas das vezes, o presidente executivo do grupo Lena contrariou a tese do Ministério Público.

Mas Joaquim Conceição dá conta do seu desconforto com o que considerava ser um poder excessivo de Carlos Santos Silva, poder esse que o levou a assumir divergências com o vice-presidente Joaquim Barroca (também arguido).

Segundo o Público, Joaquim Conceição conta que, no âmbito da reestruturação do grupo, foram cortados os salários dos administradores e accionistas, à excepção do de Carlos Santos Silva. O empresário trazia negócios para o grupo, e tinha "os seus contactos". O presidente executivo ter-se-á mostrado ainda crítico do facto de Santos Silva e Joaquim Barroca decidirem a estratégia comercial do grupo sem se coordenarem com o resto da equipa. Contudo, nada terá dito sobre eventuais negócios intermediados por José Sócrates.

 

O interrogatório incidiu também sobre um negócio com o empresário luso-angolano Hélder Bataglia (também arguido). Em causa está o terreno do grupo Lena em Angola, conhecido como Kanhangulo, que foi acordado por 35 milhões de euros mas foi vendido por 20 milhões, já depois de o grupo ter retido um sinal de oito milhões de euros e ter dado o negócio sem efeito por incumprimento do comprador.

Joaquim Conceição reconheceu que o negócios foi "esquisito", e remeteu explicações para Carlos Santos Silva e Joaquim Barroca.

O Ministério Público acredita que os oito milhões de euros foram um estratagema para fazer passar fundos do GES para Carlos Santos Silva, que por seu turno os remeteria para Sócrates. 

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