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Metade dos portugueses acredita que corrupção piorou no último ano

O Barómetro Global da Transparency International revela que 48% dos portugueses estão convencidos que a corrupção piorou no último ano. O Parlamento é a instituição mais negativamente afectada por influências externas.

16 de Novembro de 2016 às 00:01
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Mais de 80% dos portugueses concorda que o Estado sofre "influências indevidas provenientes de pessoas com grande poder económico", sendo que o Parlamento, as autarquias e o sector empresarial são as áreas mais expostas à corrupção.

Esta é uma das conclusões do Barómetro Global da Corrupção publicado esta quarta-feira, 16 de Novembro, pela Transparency International. De acordo com o estudo, conduzido em 42 países da Europa e da Ásia central, 48% dos portugueses entende que a corrupção piorou em Portugal no último ano e outros 39% não vêem melhorias nos níveis de corrupção no nosso país.

 

A ONG anti-corrupção, representada em Portugal pela Transparência e Integridade (TIAC), inquiriu 1.008 pessoas e através dessa amostra conclui que um em cada dois portugueses (51%) vê a corrupção como o principal problema a merecer a atenção dos responsáveis políticos, imediatamente abaixo da economia e emprego (apontados como prioritários para 74% dos portugueses) e da saúde (principal preocupação para 71% dos inquiridos).

 

Por outro lado, conclui o estudo, o Parlamento "é a instituição mais negativamente afectada". Os dados do Barómetro Global da Corrupção revelam que "34% dos portugueses acredita que todos ou a maioria dos deputados estão envolvidos em corrupção. 32% entende que o mesmo pode ser dito em relação ao sector empresarial e 31% dos portugueses entende que a maioria ou a totalidade dos autarcas estão envolvidos em casos de corrupção", salienta a TIAC.

Só 2% admite pagar subornos

 

Apesar dos dados que revelam uma forte percepção da existência de corrupção, apenas uma fatia muito reduzida de inquiridos admite ter sido alvo de pressão de funcionários públicos para o pagamento de subornos. Só 20% "reportaram ter pago um suborno no último ano", refere a TIAC. "Os dados do barómetro mostram claramente que a corrupção que os portugueses identificam não está ao nível de funcionários e do pagamento de luvas", afirma o porta-voz da instituição portuguesa, João Paulo Batalha.

Pelo contrário, é antes "uma corrupção mais grave, sistémica, que tem a ver com a captura das instituições públicas por grupos de interesses organizados, que têm um poder desmesurado para moldar as leis e as decisões regulatórias à sua conveniência, em detrimento do interesse público. E em precisamente esta corrupção sistémica que mais contribui para degradar a qualidade da democracia e a integridade do Estado", conclui.

 

Apesar de 81% dos inquiridos concordar que "os cidadãos podem fazer a diferença no combate à corrupção, nomeadamente através da denúncia", conclui-se logo a seguir que 56% admite que, por medo de represálias, os cidadãos acabam por não denunciar suspeitas de corrupção às autoridades. Há ainda quem responda que o facto de a noção de que a corrupção ter acabado por se tornar "normal" e de se achar que as denúncias "não têm qualquer consequência" contribui também para que a situações de corrupção não sejam comunicadas às autoridades.

 

"A protecção dos denunciantes é um elemento crucial do combate à corrupção; mas é um elemento que continua a falhar em Portugal", lamenta João Paulo Batalha. E apesar de a própria lei prever o chamado "princípio de protecção" isso acaba por não ter "tradução prática" ou ter mesmo efeitos perversos, na medida em que "cria uma ilusão de protecção ao denunciante que logo depois o deixa desemparado quando avança para uma denúncia. Esta é uma fragilidade estrutural que a TIAC vem apontando há muitos anos e que continua a não merecer qualquer preocupação dos decisores políticos", alerta.

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