Todos os anos, os países em desenvolvimento perdem receitas fiscais de 90 mil milhões por causa do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) realizado através de "offshores", nomeadamente através de empresas-veículo. As contas foram feitas pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD na sigla em inglês), num relatório divulgado esta quarta-feira, 24 de Junho.

Esta é a estimativa feita pela organização relativamente às receitas com impostos desviadas destes países por causa dos paraísos fiscais, embora se reconheça a difícil quantificação. Isso deve-se à informação disponível, que é limitada, e ao facto de os lucros deslocados não surgirem nos relatórios oficiais e também porque as próprias empresas combinam diferentes esquemas de evasão fiscal.

"A evasão fiscal é responsável por fugas significativas de recursos e de financiamento de investimento. (…) É imperativo tomar medidas de combate a estas práticas, de forma a apoiar a mobilização de recursos domésticos e a facilitar os investimentos produtivos no desenvolvimento sustentável", alertou o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi, citado pelo Público.

No relatório "Investimento Mundial 2015", a organização propôs uma maior coerência entre os impostos internacionais e as políticas de investimento, mostrando-se preocupada com a evasão fiscal, sobretudo entre as multinacionais, apresentando-o como um "problema global". O relatório mostrou ainda que, em 2014, o fluxo de IDE no mundo recuou 16,3% face ao ano anterior, para 1,09 biliões de euros, sendo a China o principal receptor. A fragilidade da economia global, as incertezas políticas para os investidores e os elevados riscos geopolíticos são as causas adiantadas para esta quebra.