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Bessa sugere prémio fiscal aos capitais próprios

A banca portuguesa em mãos estrangeiras e a redução da dívida e défice do Estado podem dar algum "algum desafogo" no financiamento às empresas, antevê o economista.

Miguel Baltazar/Negócios
25 de Fevereiro de 2016 às 18:59
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Daniel Bessa aconselha o Estado português a "dar um sinal" e premiar "muito claramente" o recurso aos capitais próprios nas empresas. "No mínimo, no mínimo, os custos dos capitais próprios deviam ser aceites como custo nas contas de exploração para efeitos de IRC", formulou o economista.

 

Durante uma conferência organizada pela EY e pelo Económico, em que o secretário de Estado do Orçamento prometeu "forte rigor" na execução orçamental para deixar o défice abaixo dos 3% em 2016, o ex-ministro da Economia de António Guterres sublinhou o problema de alavancagem excessiva e de défice e criticou o histórico do Estado "sempre do lado do problema porque premiou o recurso aos capitais alheios, aceitando o seu custo para efeitos fiscais".

 

O ex-director-geral da COTEC Portugal – a renúncia ao mandato foi anunciada a 10 de Fevereiro – confiou também que "se a quase totalidade da banca portuguesa acabar em mãos espanholas e francesas, e se o Estado não se comportar muito mal em matéria de défice e de divida, talvez a banca ganhe algum desafogo para ir gerindo com alguma comodidade o tema do financiamento e da progressiva desalavancagem das empresas".

 

"Todos sabemos que há um problema de excesso de endividamento que atinge o Estado e a área privada, sejam as famílias ou as empresas. Se fosse dívida interna cá nos entenderíamos sobre ela – como os casais que resolvem os seus problemas na cama – e não incomodaríamos os americanos, os alemães nem os fundos soberanos da vida. Mas há a questão do peso e excesso da dívida e o facto das fontes de financiamento serem exteriores. Não é o Estado, não são as empresas, não são as famílias; é a nação que está endividada e que tem de ir buscar o ‘sourcing’ ao exterior", sintetizou.

 

"Fantasias" no Fomento e na Bolsa

 

Confessando ter "muita dificuldade em fantasiar", Bessa aludiu primeiro às declarações do ministro das Finanças na véspera sobre a necessidade de "reformar" o chamado Banco de Fomento. "O Pires de Lima [ex-ministro] dizia que ia gastar lá 300 milhões, o que não é nada. Ainda ontem o Novo Banco apresentou prejuízos de mil milhões. E é o ‘BES bom’! [risos] Portanto, pensar que era com 300 milhões que se ia resolver o problema dos capitais próprios... Resolve-se meia dúzia de casos, se forem grandinhos", calculou.

 

Prosseguiu com outra medida sem grande alcance e que, quanto muito, "reduz marginalmente" o problema – "se resolver o problema de dez empresas já será muito", atestou o professor de Economia – e que seria ter efectivamente a funcionar um segundo mercado de capitais para as pequenas e médias empresas (PME).

 

"Mas mais fantasiosa do que estas duas ideias é a de que serão portugueses a financiar. É uma fantasia total. Dizer que serão os portugueses que vão completar do seu bolso essas operações acho isso fantasioso", concluiu Daniel Bessa, dramatizando a necessidade de entrada de capital estrangeiro num país que "só [tem] problemas de financiamento porque a economia não entrega e não funciona". 

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