Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Marcelo em silêncio sobre o Orçamento para ter as "mãos livres"

O Presidente da República defendeu hoje que deve manter-se em silêncio sobre questões relacionadas com o Orçamento do Estado para 2017 até ao final do debate orçamental, para estar "de mãos livres" para analisar o diploma.  

Bruno Simão/Negócios
19 de Setembro de 2016 às 07:43
  • 8
  • ...

"O Presidente da República deve-se silenciar para estar de mãos livres para analisar o Orçamento", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, durante um voo de Lisboa para Nova Iorque, onde vai participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.

 

O chefe de Estado escusou-se assim a comentar a proposta de um novo imposto sobre o património, e também não quis tomar posição sobre o decreto do Governo para um maior acesso estatal aos dados de contas bancárias de elevado valor, que disse ainda não conhecer.

 

"Não me pronuncio. Sem conhecer diplomas, não me vou pronunciar acerca do seu conteúdo. Espero conhecer os diplomas e depois pronuncio-me", afirmou.

 

Quanto à proposta de um novo imposto progressivo a aplicar sobre o património imobiliário de elevado valor, instado a tomar posição, respondeu: "Eu não gostava de comentar essa matéria neste momento, primeiro porque estamos em trânsito para território estrangeiro".

 

Marcelo Rebelo de Sousa invocou, por outro lado, "um princípio que todos os presidentes têm adoptado", e que considerou ser "muito inteligente", que é manter o silêncio sobre matérias relacionadas com o Orçamento do Estado até ao final do debate orçamental.

 

"Nesta fase final de preparação do Orçamento, e depois na fase de debate parlamentar do Orçamento, o Presidente da República deve-se silenciar para estar de mãos livres para analisar o Orçamento", defendeu.

 

Marcelo Rebelo de Sousa viajou para Nova Iorque em voo comercial, com chegada às 19:30 de domingo, hora local (00:30 de hoje em Lisboa), e ficará nos Estados Unidos até quinta-feira.

 

Nas declarações que fez à comunicação social a meio da viagem, no corredor do avião, perante a insistência para que comentasse a ideia de uma maior taxação do património, o Presidente insistiu: "Tudo o que seja estar a entrar em considerações concretas de tipo orçamental não faz sentido".

 

Em seguida, interrogado sobre o diploma do Governo para maior acesso aos dados de contas bancárias, retorquiu: "Eu só posso pronunciar-me sobre diplomas que recebo. Em relação a diplomas que não recebo, ou ainda não recebi, não me pronuncio".

 

O Presidente foi questionado sobre as declarações que fez a 25 de agosto sobre este tema, mas nada quis adiantar por enquanto: "Eu não vou neste momento comentar essa matéria. Vamos esperar o tempo adequado até eventualmente me pronunciar sobre ela".

 

A 25 de agosto, em visita a São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por o Governo não ter apresentado nessa altura nenhum diploma que desse à Autoridade Tributária "de forma indiscriminada" acesso aos saldos de contas bancárias dos contribuintes.

 

"Falou-se nisso, eu de repente ao ver tantas notícias cheguei a ficar apreensivo que a questão se colocasse porque se colocasse da minha parte não teria acolhimento algum", avisou, na altura. "Mas felizmente não se coloca, isso é uma boa notícia", acrescentou.

 

No sábado, na 'rentrée' do PS, em Coimbra, o secretário-geral dos socialistas e primeiro-ministro saiu em defesa da polémica medida do seu executivo de um maior acesso estatal à informação sobre contas bancárias de elevado valor, em princípio na ordem dos 50 mil euros, rejeitando que daí resulte qualquer inconstitucionalidade.

 

No plano dos princípios de um Estado de direito, António Costa advogou que "cumprir a Constituição é cumprir a Constituição toda, salvaguardando os direitos à privacidade e que o Estado não pode interferir abusivamente na informação disponível sobre cada um dos cidadãos".

 

"Mas cumprir a Constituição não pode significar proteger na opacidade as contas bancárias para que o Estado não possa fazer aquilo que é seu dever fazer para assegurar maior justiça fiscal, que é combater a fraude e a evasão fiscal. E sim, o Estado tem de ter o direito a aceder à informação para poder assegurar uma justa tributação", sustentou.

 

Marcelo encontra-se hoje com rei de Espanha e Presidente do Brasil

 

O Presidente da República vai hoje encontrar-se com o rei de Espanha, Felipe VI, e com o recém-empossado Presidente do Brasil, Michel Temer, e participar num encontro de alto nível sobre refugiados, em Nova Iorque.

 

Marcelo Rebelo de Sousa está em Nova Iorque desde domingo à noite, já madrugada em Lisboa, para participar na 71.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e aproveitará esta deslocação para se encontrar com a comunidade portuguesa na vizinha Newark, Nova Jérsia, na quarta-feira.

 

A comitiva oficial desta visita, que termina na quinta-feira, inclui o antigo Presidente da República Jorge Sampaio e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

 

Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Sampaio vão cruzar-se com o antigo primeiro-ministro António Guterres, que está em Nova Iorque no mesmo período, prosseguindo os contactos relacionados com a sua candidatura ao cargo de secretário-geral da ONU.

 

À margem do debate geral anual entre chefes de Estado e de Governo dos 193 Estados-membros da ONU, o Presidente da República terá vários encontros bilaterais.

 

Hoje, além das reuniões com Felipe VI e Michel Temer, o chefe de Estado vai encontrar-se com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e com os presidentes da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, e do Senegal, Macky Sall.

 

Antes, logo de manhã, Marcelo Rebelo de Sousa participará, com Jorge Sampaio, numa reunião de alto nível das Nações Unidas sobre movimentos em larga escala de migrantes e refugiados.

 

Jorge Sampaio, que actualmente preside à Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, foi Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações entre 2007 e 2013.

 

Esta reunião de alto nível poderá também contar com a presença de António Guterres, ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

 

A intervenção do Presidente da República perante a Assembleia Geral da ONU está marcada para terça-feira à tarde, de noite em Lisboa.

Ver comentários
Saber mais Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa Assembleia Geral das Nações Unidas Nova Iorque Autoridade Tributária Michel Temer Jorge Sampaio António Guterres
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio