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Governo assume queda no investimento em 2016

No Orçamento do Estado para o próximo ano, o Executivo admite que o investimento total vai recuar em 2016, uma diminuição que deverá ficar abaixo de 1%. Este é um dos motivos da revisão em baixa do crescimento económico.

Miguel Baltazar
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O Governo prevê que o investimento total vai cair este ano em relação a 2015. A projecção de uma taxa de variação negativa, que ficará abaixo de 1%, faz parte do cenário macroeconómico preliminar que o Executivo usou nos trabalhos de preparação do Orçamento do Estado para 2017, sabe o Negócios.

No Programa de Estabilidade, com data de Abril, as Finanças apontavam para um crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) de 4,9% em 2016. No entanto, na actualização de previsões que constará no Orçamento do Estado o Executivo aponta para uma quebra que deverá ficar abaixo de 1%. Este reconhecimento acontece depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter defendido que o investimento feito por empresas estrangeiras está a aumentar e de o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, ter assumido que o investimento público está a diminuir. Para 2017, o Governo vai projectar uma recuperação do investimento, com uma taxa de crescimento marginalmente acima de 3% e bem abaixo da projecção que o Governo tinha feito no Programa de Estabilidade para o próximo ano (4,8%).

A forte revisão em baixa do investimento é um dos contributos para o corte na previsão de crescimento económico. Para este ano, o Governo vai cortar na projecção de crescimento, dos 1,8% previstos em Abril para 1,2%. Em 2017, as Finanças esperam uma aceleração do crescimento económico, para 1,5%.

No entanto, para o corte na previsão de crescimento económico para 2016 contribuem também a revisão em baixa nas previsões para o consumo privado e exportações. De acordo com informações recolhidas pelo Negócios, em Abril, o Governo esperava que o consumo das famílias crescesse 2,4% este ano, mas agora espera um valor em torno dos 2%. Em 2017, esta componente do PIB deve abrandar, uma tendência que já era prevista quando o Governo elaborou o Programa de Estabilidade.

No caso das exportações, o Governo apontava para um aumento das exportações de 4,3% mas agora este crescimento ficará ligeiramente acima de 3%. Para 2017, o Executivo espera uma aceleração para um valor acima de 4%, mas abaixo do que estava projectado em Abril, quando o Governo apontava para um aumento de 4,9%.

O quadro de previsões que o Governo está a fechar esta quinta-feira no Conselho de Ministros revela ainda que as importações vão crescer menos do que o previsto em Abril. As compras de bens ao exterior deverão acelerar entre 2016 e 2017, mas nunca saindo do intervalo entre 3% e 4%.   

Quanto ao consumo público, o Governo espera um aumento para este ano superior ao crescimento de 0,2% previstos no Programa de Estabilidade. Já para 2017, as contas do Executivo continuam a apontar para uma quebra, mas acima do que foi projectado naquele documento.    


Globalmente, o Governo revê em baixa a previsão de crescimento para este ano e para o próximo. Antes o Executivo acreditava que em cada um dos anos a economia cresceria 1,8%. Mas agora, acredita que o PIB vai subir 1,2% em 2016 e 1,5% em 2017. Estes números foram divulgados pelo Governo na quarta-feira, 12 de Outubro, nas reuniões que teve com os partidos que não integram o Executivo.


Se no lado do crescimento da economia o cenário é pior, do lado do mercado de trabalho o Governo tem perspectivas mais favoráveis. O Executivo acredita que a taxa de desemprego este ano ficará abaixo do que tinha sido projectado em Abril. Naquela altura, as Finanças apontavam para uma taxa de 11,4% mas agora esperam que o desemprego atinja 11,2% da população activa. Para 2017, o Governo prevê uma redução da taxa de desemprego para 10,4%, um número também melhor do que o avançado em Abril (10,9%).


Em matéria de criação de emprego, o Executivo conta com uma melhoria em 2017 face aos valores previstos no Programa de Estabilidade e em relação a 2016. Ou seja, as contas das Finanças indicam que no próximo ano haverá mais criação de emprego do que este ano.


No campo orçamental, e de acordo com as informações partilhadas pelo Governo com os partidos na quarta-feira, o défice deste ano deverá ficar em 2,5% - o limite imposto por Bruxelas e acima dos 2,2% previstos inicialmente. Já para 2017, os cálculos apontavam para um valor a variar entre 1,7% e 1,8%.
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