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Centeno enaltece "Orçamento histórico, pelos prazos e pelos resultados”
Na apresentação do Orçamento do Estado, o ministro das Finanças destacou o "trabalho muito profícuo e coeso" do Governo em torno dos objetivos inscritos num documento que considera "histórico, não só pelos prazos, mas também pelos resultados".
Com meia hora de atraso face à hora prevista, o ministro das Finanças iniciou a conferência de imprensa salientando o "tempo mais curto de sempre" em que esta proposta orçamental foi desenhada.
"Nunca antes em democracia um Orçamento do Estado tinha sido feito em tão pouco tempo", regozijou-se Centeno para quem isso é prova do "trabalho muito profícuo e coeso que existe no Governo". Mais à frente, o ministro frisou que o "eco de batalhas internas [no Governo] é um mito, não existe tal coisa".
Centeno prosseguiu dizendo que este é um "orçamento histórico, não só pelos prazos, mas também pelos resultados". O resultado a que o ministro se referia diz sobretudo respeito ao excedente de 0,2% do PIB previsto para 2020, a primeira vez que tal previsão surge numa proposta orçamental.
E repetindo a ideia de que se trata de uma proposta assente no princípio assumido pelo Executivo de "responsabilidade e contas certas", o governante defendeu a vitalidade da economia portuguesa, que convergiu em 3,5 pontos percentuais do PIB face à Zona Euro nos últimos quatro anos. "Portugal resistiu muito melhor do que as economias da sua dimensão da Zona Euro à desaceleração da economia global", notou.
"Damos um passo, que nunca tinha sido dado até agora, para aproximar o nível de financiamento do SNS daquilo que é a execução financeira ao longo do ano", afirmou anunciando a intenção de acabar com a suborçamentação crónica do SNS.
"Investimento não é um livro infantil"
Em termos setoriais, o também líder do Eurogrupo atribuiu particular importância ao "investimento na ferrovia", a "dimensão mais relevante" de 2020. Mário Centeno realçou ainda a "marca significativa" que representa o "investimento estruturante" previsto no OE. "O investimento não é um livro infantil, precisa ser planeado, financiado, posto a concurso e, finalmente, executado", resumiu.
O governante referiu de seguida que no próximo ano a despesa total com pessoal na administração pública "vai crescer 3,6%, o que significa um aumento do salário médio na Administração Pública de 3,2%". Ocasião aproveitada ainda para Centeno revelar que em 2020 o emprego líquido na Função Pública vai aumentar entre 8 e 10 mil profissionais, sendo uma "parte destes seguramente no Serviço Nacional de Saúde".
Avisos à esquerda
Questionado sobre a atualização das pensões e dos salários dos funcionários do Estado abaixo da inflação projetada para 2020, Mário Centeno aproveitou a deixa para lançar avisos aos parceiros preferenciais com que o Governo terá de negociar o OE em sede parlamentar de especialidade.
"Ditam as boas regras do controlo orçamental e da responsabilidade que não nos coloquemos à frente do tempo, do que são os desenvolvimentos económicos do país (...) Em nome dessa responsabilidade, da qual não abdicaremos um único minuto, optamos por seguir as boas práticas", enunciou.
E confrontado sobre se os aumentos na Função Pública e pensões bastante aquém da inflação significam que serão os trabalhadores do Estado e os pensionistas a pagar o excedente orçamental de 0,2% no próximo ano, Centeno ripostou que "quem paga os excedentes são os contribuintes".
Sobre a possibilidade de haver, no Parlamento, uma coligação negativa para garantir a redução da fatura da eletricidade, o ministro garantiu que quem quiser propor alternativas à proposta orçamental terá de "explicar a todos os portugueses" o que farão "com as proridades, ou falta delas, que queiram plasmar no documento".
A descida do IVA para a eletricidade em função do consumo tem um custo entre 450 milhões e 800/1.000 milhões de euros, dependendo se se trata da taxa mínima ou intermédia do referido imposto, adiantou Centeno.