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Passageiros fogem, dívida fica nos transportes

Endividamento é dos que mais pesa nas contas públicas. Governo aumentou preços e reduziu serviços para cortar custos. Validações reduziram-se em cerca de 100 milhões em 2012

30 de Janeiro de 2013 às 00:01
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Tarifas mais caras | Novos preços provocaram perda de mais de 100 milhões de passageiros nos transportes públicos.

 

 

Uma dívida de 17 mil milhões de euros, perda de passageiros, deterioração do serviço. O cenário dos últimos anos não é positivo para as empresas de transportes públicos, um dos principais alvos da onda de reestruturação do Estado, instigada pela troika. O elevado endividamento que os actuais responsáveis políticos criticam é, em última análise, responsabilidade dos sucessivos governos, que falharam no financiamento de um serviço que é público e, como tal, tem que ser prestado a preços sociais.


A compensação por este serviço era, por vezes, a última a ser considerada pelos responsáveis políticos (de todos os partidos que têm ocupado o poder) na atribuição de verbas. Além disso, a construção de infra-estruturas de transportes ao longo dos últimos anos foi financiada pelas empresas. Metros de Lisboa e Porto e Refer acumulam dívidas elevadas, sobretudo devido aos financiamentos que contraíram para levar a cabo estas obras públicas.


Ainda assim, a gestão destas empresas, que não tem escapado a critérios políticos, também nem sempre tem sido a mais eficiente para as transportadoras.
A actual estratégia do Governo tem sido recebida pelas empresas como uma inevitabilidade, mas não sem críticas pelo meio.


Com um corte de custos inédito e obrigações para continuar a reduzir, a tutela determinou ainda um aumento de 20% nas tarifas entre Agosto de 2011 e Fevereiro de 2012. Em conjunto com o aumento do desemprego, o resultado foi uma queda aparatosa no número de passageiros, o que ameaça todas as metas, mesmo com os cortes. Em 2012, foram mais de 100 milhões os passageiros que abandonaram os transportes públicos.


A justificação para a redução de utentes por parte do Governo - a fraude - não está em sintonia com os próprios relatórios e contas das transportadoras, que têm referido o aumento dos preços e do desemprego como factores que estão a afastar os passageiros do transporte público. E a tutela não apresenta números concretos desta fraude.


Há quem coloque a queda em valores mais elevados. Nunes da Silva , vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, diz que a queda desde Agosto de 2011 se cifra em 25%. "Dos 8.000 idosos que tinham passe em Lisboa só 349 é que compraram o Social+", adianta o responsável.


A redução de serviços e o encarecimento dos títulos, devido à reestruturação do sector, tem levantado a questão das funções sociais dos transportes públicos. Será que a concessão a privados vai ter resultados positivos para os utentes? Cabaço Martins, presidente da ANTROP, Associação Nacional de Transportadores de Pesados de Passageiros, diz que quem usa transportes públicos pode sair beneficiado, mas que é preciso resolver o problema do financiamento.

 

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