Após uma reunião com António Costa, Thomas Piketty disse ser importante que exista uma aliança entre os países do sul da Europa para mudar a orientação do continente, e o primeiro passo podem ser as eleições legislativas deste ano na Península Ibérica. "As eleições em Portugal e Espanha podem fazer a diferença para reorientar a Europa", assinalou o economista francês, que está esta segunda-feira em Lisboa para participar numa conferência na Fundação Calouste Gulbenkian.

"É importante que Portugal e Espanha, juntamente com Itália e França, possam convencer a Alemanha de que as decisões que foram tomadas não foram boas para a Zona Euro como um todo, nem sequer para a Alemanha". Por exemplo, "a taxa de crescimento da Alemanha é metade da do Reino Unido, que está fora da Zona Euro", acrescentou Piketty.

A comparação com os Estados Unidos também não é favorável à Europa. "Comparando com os EUA, há cinco anos, tínhamos a mesma taxa de desemprego, a mesma dívida pública". Ora, "cinco anos mais tarde, em 2015, já temos uma recuperação nos EUA, com redução da taxa de desemprego, enquanto na Zona Euro ela cresceu imenso", assinalou. "Mesmo hoje, num país como Portugal, estamos com um nível de actividade económica muito inferior ao de 2007", lembrou.

"Não podemos estar contentes com esta situação". Como se resolve? Não é olhando para o que tem feito Atenas. "Não creio que a Grécia tenha a solução certa para a Europa". Então? "É importante que os governos na Europa trabalhem com o Sul da Europa, com os novos e velhos partidos do Sul da Europa, para mudar e melhorar as políticas macroeconómicas" em toda a região.