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FMI: Juros negativos pesam na almofada financeira de Portugal
O Estado terminou o ano com uma almofada financeira de 10.200 milhões de euros. Mas os juros negativos aumentam o custo de ter essa rede de segurança.
Portugal fez um novo reembolso antecipado ao FMI este mês, amortizando 1.700 milhões de euros. Apesar da subida dos custos de financiamento do Estado poderem diminuir a poupança com juros dessa opção, essa estratégia permite diminuir os custos da almofada financeira, segundo as indicações dadas pelas autoridades nacionais à entidade liderada por Christine Lagarde.
"Com as taxas das obrigações a aproximarem-se de 4%, as autoridades reconheceram que as poupanças com juros de pré-pagamentos adicionais ao Fundo desceram, mas notaram que as taxas negativas de depósito aumentaram o custo de reter uma almofada financeira elevada", refere o relatório da quinta monitorização pós-pograma do FMI a Portugal. O documento, divulgado esta quarta-feira, foi concluído a 26 de Janeiro, ainda antes do Estado ter feito mais um reembolso antecipado ao Fundo.
No final do ano passado, a almofada financeira situou-se em 10.200 milhões de euros, segundo o FMI. O "suficiente para cobrir cerca de 50% das necessidades de financiamento projectadas (excluindo dívida de curto prazo)", estima o Fundo.
O valor da almofada inclui os 2.700 milhões de euros para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos. E, apesar do aumento dos custos de manter esta rede de segurança, o FMI revelou que "as autoridades mantêm a meta indicativa de ter uma almofada de liquidez de 40% a 50% das necessidades de financiamento projectadas nos próximos 12 meses".
Estrutura da dívida melhorou nos últimos dois anos
Ao analisar a forma como o perfil da dívida portuguesa foi gerido, o FMI considera que "apesar das necessidades de financiamento anuais continuarem elevadas, a combinação de emissões de longo prazo de e de recompras de dívida de curto prazo ajudou a moderar as necessidades de refinanciamento de curto prazo e a suavizar o perfil de amortizações da dívida pública nos últimos dois anos".
No entanto, o Fundo nota que essa tendência abrandou em 2016, com "as autoridades a aumentarem as emissões para o mercado de retalho doméstico para ajudar a diversificar a sua base de investidores e a limitar os custos gerais de financiamento". Apesar desse abrandamento, o FMI realça que "a maturidade média da dívida, excluindo os empréstimos da União Europeia e do FMI, melhorou de 6,6 anos no final de 2016 comparando com os 5,1 anos no final de 2013".