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Famílias são as campeãs na redução do endividamento em Portugal

O endividamento da economia portuguesa voltou a baixar em 2019 e está em mínimos de 10 anos. Na década que acabou no ano passado o esforço de desalavancagem é bem mais forte nas famílias.

O mercado de trabalho continua a melhorar, mas a um ritmo mais lento.
Bruno Simão
22 de Fevereiro de 2020 às 15:00
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O ano passado voltou a ser marcado por uma desalavancagem da economia portuguesa, com todos os setores a registarem um endividamento mais reduzido do que em 2018 quando tido em conta o peso no produto interno bruto (PIB).

Os dados foram revelados esta semana pelo Banco de Portugal. Segundo o banco central, o endividamento do setor não financeiro situava-se em 721 mil milhões de euros no final de 2019. Deste total, 317,4 mil milhões de euros diziam respeito ao setor público e 403,6 mil milhões de euros ao setor privado. 

Comparando com o final de 2018, o endividamento do setor não financeiro aumentou 3,1 mil milhões de euros (subida de 2,4 mil milhões de euros no endividamento do setor público e aumento de 800 milhões de euros no endividamento do setor privado).

Quando colocados estes valores em perspetiva face ao PIB (que é a forma mais correta de avaliar o endividamento de uma economia ou setor), 2019 volta a ser marcado por uma trajetória positiva no endividamento do Estado, das empresas privadas e das famílias portuguesas.

Os quatro gráficos em baixo mostram bem esta trajetória positiva, que é mais notória no caso das famílias, depois nas empresas privadas e de forma menos acentuada e só mais recente no caso do Estado (e empresas públicas).

Endividamento da economia atinge mínimos de 10 anos

O peso do endividamento do setor não financeiro atingiu 341,15% do PIB no final do ano passado, o que representa o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2009.

Face ao pico atingido em meados de 2013, a descida é de quase 90 pontos percentuais, mas no conjunto da década que finalizou o ano passado a descida (perto de 12 pontos percentuais) é pouco superior à redução registada em 2019 (11 pontos percentuais).

O gráfico do endividamento da economia portuguesa tem semelhanças óbvias a uma montanha, sendo que se a trajetória se mantiver faltará pouco tempo para chegar ao sopé.



Redução mais lenta no endividamento do Estado

O endividamento do setor público não financeiro (Estado e empresas públicas) quase duplicou entre 2007 e 2014, tendo depois encetado uma tendência descendente não muito acentuada.

No final de 2019 situava-se em 150% do PIB, o que corresponde ao nível mais reduzido desde 2012. Ainda assim, o setor público tem claramente dado o menor contributo para a desalavancagem da economia portuguesa como um todo. Em 2019 recuou mais de 4 pontos percentuais, mas na última década aumentou 39,5%.




Dívida das famílias baixou perto de 28 pontos percentuais

As famílias portuguesas são claramente as campeãs da redução do endividamento, mostrando maior capacidade para aproveitar o ambiente de taxas de juro que persistem em mínimos históricos nos últimos anos. No final de 2019 a dívida dos particulares correspondia a pouco mais de 66% do PIB, prolongando os mínimos de 2017 que têm sido fixados nos últimos anos. Desde 2012 a tendência de descida tem sido constante e contínua. No acumulado da década que terminou em 2019, o peso do endividamento das famílias portuguesas baixou perto de 28 pontos percentuais. No ano passado a redução foi de 2 pontos percentuais.




Empresas privadas a baixar dívida desde 2012

As empresas privadas chegaram ao final de 2019 com uma dívida equivalente a 124,5% do PIB, o que representa um mínimo desde 2007. A tendência de descida tem sido ininterrupta desde 2012 e, na última década, a descida acumulada é de 23,6%, ainda assim inferior à registada nas famílias.




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