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CFP: Não há sinais de contágio do Credit Suisse mas contas públicas "não são tranquilizadoras"
Não há sinais, para já, de contágio do colapso do Credit Suisse à economia e contas públicas portuguesas, mas para o Conselho das Finanças Públicas a situação não é tranquilizadora. "A nossa dívida não nos tira do radar", alerta Nazaré da Costa Cabral.
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) não vê que a atual turbulência no sistema financeiro, após o colapso do Credit Suisse, possa afetar a economia portuguesa, mas avisa que a situação das contas públicas "ainda não é completamente tranquilizadora".
"Não temos indicação de que [a turbulência do sistema financeiro] possa afetar as nossas projeções em concreto", respondeu Nazaré da Costa Cabral, nesta terça-feira, 21 de março.
A presidente do CFP respondia assim a questões colocadas pelos jornalistas sobre o impacto do colapso do Credit Suisse nas projeções divulgadas hoje, que apontam para uma travagem a fundo da economia portuguesa (ao crescer 1,2% este ano, depois dos 6,7% em 2022) e um ligeiro aumento do défice orçamental (de 0,5% em 2022 para 0,6% em 2023).
Nazaré da Costa Cabral lembrou a anterior crise do sistema financeiro. "Tivémos a lição de 2008 e 2009. A crise começa por ser bancária e depois, no caso europeu e de alguns países da Zona Euro, se transmutou para uma crise de finanças públicas", alertou.
"Temos chamado sempre a atenção para este aspeto: pese embora o esforço de redução da dívida pública, mas a situação ainda não é completamente tranquilizadora. A nossa dívida não nos tira do radar dos mercados", avisou a presidente do CFP.
Nesse sentido, Nazaré da Costa Cabral defendeu que "devem ser dados sinais de compromisso de estabilidade de finanças públicas", acrescentando que a "ideia de que Portugal deve pode ser visto como instável é algo que temos de afastar".