Notícia
Bruxelas confirma défice nos 4,4% do PIB em 2015
A Comissão Europeia confirma as estimativas provisórias avançadas pelo INE em Março: Portugal fechou 2015 com um défice de 4,4%, influenciado pela resolução do Banif. Já a dívida pública ficou nos 129% do PIB, acima das contas do Banco de Portugal.
Portugal fechou o ano de 2015 com um défice orçamental de 4,4% do PIB, colocando-se entre os piores desempenhos orçamentais e financeiros da zona Euro. A confirmação dos valores, que já tinham sido avançados provisoriamente em Março pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), chegou esta quinta-feira no âmbito da primeira notificação do procedimento dos défices excessivos, revelada pelo Eurostat. Já a dívida pública fica duas décimas acima da previsão oficial portuguesa, devido a diferentes formas de contabilização dos passivos do Banif que ficaram na esfera do Estado.
Segundo a notificação da Comissão Europeia, a economia portuguesa registou uma diferença entre receitas e despesas públicas na ordem dos 4,4%, um valor que saiu ampliado pela operação de recapitalização do Banif. As contas de Bruxelas não discriminam exactamente o peso que o resgate ao banco teve, mas, a julgar pelos números provisórios avançados pelo INE, foram 1,4% do PIB – cerca de 2,5 mil milhões de euros.
Significa isto que, sem o Banif, Portugal teria fechado o ano com um défice de 3% do PIB, acima das previsões do anterior Governo (2,7%), mas dentro do limite máximo definido pelas regras europeias, essencial para iniciar a saída do chamado "procedimento dos défices excessivos".
Dívida desce para 129%
A dívida pública, por seu turno, fixou-se nos 129% do PIB, um valor ligeiramente acima do que tinha sido apontado pelas autoridades nacionais - 128,8% do PIB - mas que, pela primeira vez, traduz uma descida do rácio de endividamento público face ao ano anterior (130,2%).
Na comparação europeia, a dívida pública de Portugal foi a sétima que mais desceu entre 2014 e 2015, mas permanece sendo a terceira mais elevada da UE, apenas superada pela da Grécia (176,9%) e Itália (132,7%). Entre entre os 28 da União, há 17 países cujas dívidas subsistem acima do limite de 60% do PIB. Os rácios de endividamento mais baixos encontram-se na Estónia (9,7%) e no Luxemburgo (21,4%).
Bruxelas vai agora pegar nestes números, juntar-lhes o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas que o Governo aprova esta quinta-feira e ainda as previsões económicas da primavera, e decidir sobre o procedimento a seguir relativamente a Portugal, no âmbito dos défices excessivos e dos desequilíbrios macroeconómicos.
Apesar da explicação para a derrapagem nas contas públicas se dever essencialmente à recapitalização do Banif, uma medida irrepetível, o facto de Portugal não ter ajustado o seu défice estrutural em 2015 pesará negativamente na avaliação da Comissão Europeia, agora reforçada de poderes e que, em caso limite, poderá aplicar multas e propor soluções concretas para corrigir a trajectoria das finanças públicas nacionais.
Comissão Europeia com mais poderes, que vão da imposição de recomendações e (mais) visitas regulares das equipas de Bruxelas, até à aplicação de multas ao país, passando pela proposição de medidas concretas de política com calendário definido, no que lembraria o controlo já ido da troika.