Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Rehn: “Recuperar de crises como a espanhola demora mais de uma década”

Numa entrevista ao "El País", Olli Rehn diz que o resgate à banca espanhola "funcionou" mas não se pode falar em "êxito" porque há desafios que permanecem. Em Espanha como em outros países europeus, que devem prosseguir com as reformas estruturais.

Bloomberg
23 de Janeiro de 2014 às 11:08
  • 9
  • ...

Pelo menos dez anos. Recuperar de uma crise como a que afectou Espanha, e outros países do sul da Europa, não demora menos de uma década. Quem o diz é Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos, numa entrevista ao jornal espanhol “El País”.

 

“Espanha já está a fazer reformas há três anos, e o normal é que demore mais de 10 anos a regressar às taxas de desemprego que tinha antes: recuperar de uma crise como a espanhola acaba por custar uma década”, afirma o responsável, em entrevista, acrescentando que as reformas têm reflexo na competitividade, nas exportações, nos indicadores de confiança e também nos mercados.

 

Espanha já fez progressos em matéria de crescimento económico e de desemprego, que estabilizou “embora em níveis inaceitavelmente elevados”. E assim, defende o responsável, “é essencial prosseguir com as reformas e seguir uma linha orçamental fiável”.

 

Sobre o resgate ao sector bancário espanhol, que envolveu a injecção de 41.300 milhões de euros e a nacionalização de várias entidades, e que terminou oficialmente esta quinta-feira, Olli Rehn diz que “funcionou”. “Não gosto da palavra êxito, porque ainda há grandes desafios pela frente, mas as dúvidas sobre a liquidez e a solvência da banca já se dissiparam”.

 

“A economia tem de recuperar de uma década de excessos, o ajustamento será grande e doloroso”, reconhece o comissário. “Se tivéssemos uma fotografia panorâmica, veríamos nuvens e céu azul”.

 

Desafiado a colocar-se na pele de Rajoy, Olli Rehn garantiu que não vê outra saída a não ser prosseguir com as reformas, dando prioridade à reforma laboral, dos serviços profissionais e do sector energético.  

 

“Tenho consciência de que no sul me vêem como uma espécie de cruzado da austeridade; no norte é o contrário, sou mais brando”, confessa Olli Rehn na mesma entrevista. Para o comissário, são necessárias as duas visões, consolidação e crescimento, até porque na Europa não havia “alternativa fácil”.

 

E o BCE teve e tem um papel essencial. “Na história económica não há exemplos de recuperação sem aumento do crédito”, afirma o responsável acrescentando que a autoridade monetária “está a preparar medidas”. “Com um choque de procura em plena recessão, e com uma política orçamental rigorosa, uma política monetária mais expansiva poderia funcionar. Não sou ninguém para aconselhar o BCE, mas tem margem com a inflação tão baixa”, sugere.

 

Na mesma entrevista ao “El País”, Olli Rehn falou ainda da orgânica e do funcionamento da chamada troika, que “comandou” os resgates financeiros a vários países europeus. “A experiência do Fundo Monetário Internacional foi uma grande ajuda; houve uma cooperação razoavelmente positiva entre três instituições de forte carácter”( FMI, Comissão Europeia, BCE). No entanto, o comissário europeu admite que, se o FMI não fizesse parte dessa formação, teria posto mais ênfase nas reformas durante a fase inicial dos resgates e “teria querido que todos os países afectados tornassem seus os ajustamentos desde o arranque para que os cidadãos percebessem a gravidade da situação”.  

 

Ver comentários
Saber mais Rehn crises década Espanha
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio