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O dia que abriu caminho a um possível acordo entre Atenas e credores

A troika fez uma avaliação positiva das propostas apresentadas por Alexis Tsipras e o parlamento helénico deu luz verde para as negociações prosseguirem com base em medidas de austeridade no valor de 13 mil milhões de euros.

Reuters
11 de Julho de 2015 às 02:28
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O plano de austeridade apresentado por Tsipras aos credores foi aprovado no parlamento grego e recebeu uma avaliação positiva por parte da Comissão Europeia, BCE e FMI. Mas o primeiro-ministro helénico não sai ileso desta sexta-feira: dos 162 deputados da coligação, apenas 145 votaram a favor do seu programa. Se não fosse a ajuda da oposição, não teria conseguido a maioria necessária para passar ao passo seguinte: negociar com a troika para poder receber um terceiro empréstimo.

O dia anunciava-se longo e assim foi. Prosseguiu pela madrugada de sábado adentro, mas trouxe um saldo que abre caminho às negociações. Não há contudo, um claro vencedor. Alexis Tsipras sai ferido deste embate, uma vez que não conseguiu reunir o apoio de toda a coligação governamental - Syriza e ANEL (Gregos Independentes).

Já a meio da tarde os trabalhos se afiguravam difíceis. E demorados. "A proposta grega será apresentada às comissões parlamentares às 15h locais (13h em Lisboa). O debate parlamentar está previsto começar às 19h locais e a votação deverá começar "muito tarde", revelava uma jornalista do New York Times através do Twitter. E assim foi.

Pelo meio, uma manifestação pelo 'não' às medidas de austeridade, que levou muitos gregos de novo à Praça Syntagma, em frente ao Parlamento (na foto).

O fim de tarde, a noite a madrugada decorreram com acesos debates no parlamento e à 1h da manhã de Lisboa deu-se início à votação. Ganhou o sim às propostas que Tsipras apresentou à troika e que visam obter, em troca, um terceiro resgate no valor de pelo menos 53,5 mil milhões de euros para cobrir as necessidades de reembolso da dívida até 2018.

 

Resultado oficial: 251 deputados votaram a favor de uma negociação com os credores, com base nas propostas enviadas por Alexis Tsipras. 32 votaram contra, 8 abstiveram-se e 9 não estiveram presentes (entre os quais o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que alegou questões familiares).

 

No entanto, apenas 145 dos 162 deputados da coligação aprovaram o plano de Tsipras: oito abstiveram-se (nomeadamente o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do parlamento grego, Zoe Konstantopoulou), dois votaram contra e sete não estiveram presentes. Nos termos da legislação parlamentar grega, os sete ausentes não são contabilizados como dissidentes, explica o The Guardian. No entanto, para efeitos de contagem, Alexis Tsipras perdeu 17 membros da sua coligação, conforme salienta a Bloomberg.

 

Analistas citados pelo jornal britânico The Guardian dizem que este resultado poderá obrigar a uma remodelação governamental. "A questão agora está em saber se Tsipras pode continuar com esta estrutura ou se precisa de novos deputados/coligação/eleições", comenta Nick Malkoutzis, vice-chefe de redacção da edição inglesa do jornal grego Kathimerini.

 

Mas, a acontecer, não será para já. Às 03h06 de Lisboa (05h06 em Atenas), o primeiro-ministro fez uma curta declaração aos jornalistas, dizendo que "o Governo tem um sólido mandato para concluir as conversações com os credores no sentido de alcançar um acordo viável. Esta é a prioridade. Com o resto lidamos depois".

 

Assim, quaisquer cenários de remodelação governamental, novos parceiros de coligação ou até mesmo eleições antecipadas não vão avançar, para já.

E o fim-de-semana não será de descanso. Após mais uma semana de reuniões, análises, conversações, negociações e avaliações, este sábado - pelas 14h de Lisboa - tem início o Eurogrupo, em Bruxelas, onde se discutirá o programa apresentado pelo Governo helénico. Se os ministros das Finanças da Zona Euro chegarem a acordo, a reunião dos líderes da Zona Euro - prevista para domingo - poderá formalizar o aval para o início das negociações para um terceiro resgate. Caso contrário, haverá reunião de todos os líderes europeus (Conselho Europeu) e a saída da Grécia do euro [o já chamado 'Grexit'] poderá ser o ponto de discussão. 

Ao final da noite de sexta-feira sabia-se também que os credores internacionais da Grécia pareciam satisfeitos com as mais recentes propostas apresentadas por Atenas. "São suficientemente positivas para constituírem a base de um novo programa de resgate, no valor de 74 mil milhões de euros", avançava a AFP citando uma fonte comunitária.

"Houve uma avaliação positiva do programa grego", afirmou a mesma fonte, acrescentando que o fundo de resgate da União Europeia, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), está preparado para ponderar um empréstimo de 58 mil milhões de euros, o que, adicionando 16 mil milhões do FMI, dará 74 mil milhões de euros de um novo pacote de ajuda financeira à Grécia.

 

A Reuters, citando igualmente fontes de Bruxelas, reportou também que os credores de Atenas fizeram uma avaliação inicial "positiva" do plano de austeridade apresentado pelo Executivo helénico. 


(notícia actualizada às 03h44)

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