Os mercados continuam a penalizar a eventualidade de o Governo italiano não conseguir manter condições políticas para apresentar e aprovar o próximo Orçamento do Estado. A Bolsa italiana lidera nesta segunda-feira as quedas na Europa, estando o principal índice a ceder 2,33%, arrastado pelo mau desempenho das acções da banca, designadamente do UniCredit e do resgatado Banca Monte dei Paschi.  

Também os indicadores do custo de financiamento do Estado italiano apontam para uma deterioração da confiança dos investidores. No mercado secundário, onde se trocam as obrigações soberanas emitidas, as taxas de rendibilidade (“yields”) exigidas para os títulos com maturidade de dez anos sobem 6,5 pontos base para 4,391%.

A condenação de Sílvio Berlusconi, por fraude fiscal num processo que envolve a sua empresa de media, a Mediaset, veio acender uma nova crise entre os decisores políticos.

Berlusconi recusa deixar a vida política e considera que não pode ser impedido de continuar a liderar o Povo da Liberdade (PDL), bem como de ocupar o seu lugar no Senado. O antigo primeiro-ministro ameaça mesmo derrubar o Governo liderado pelo Partido Democrático (centro-esquerda) caso seja afastado das lides políticas.

O primeiro-ministro Enrico Letta assegura, porém, que não vai ceder a chantagens, tendo reiterado na semana passada que a intenção de voto dos senadores do seu partido será no sentido de afastar Berlusconi do Senado. A votação que vai decidir o possível afastamento do líder do PDL das instâncias políticas está marcada para 9 de Setembro.