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Lagarde pressiona Alemanha para fazer mais pela recuperação europeia

A directora-geral do FMI insiste que Berlim pode fazer mais pela recuperação económica europeia. Em entrevista a um jornal francês, Lagarde aponta que mais investimento em infra-estruturas pode ser um dos caminhos. Numa outra entrevista, a líder do FMI sustenta que Espanha é o único país a sentir os efeitos das reformas estruturais.

Bloomberg
08 de Setembro de 2014 às 10:34
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Em entrevista ao jornal francês Les Echos, publicada no site do periódico este domingo, 7 de Setembro, à noite, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, aponta que a Alemanha tem "margem de manobra" ao nível orçamental para dar um maior apoio à recuperação económica da Zona Euro.

 

"Pensamos que investimentos públicos ou privados para financiar infra-estruturas seria benéfico. Não digo para construírem novas auto-estradas, mas investir em manutenção. Nos últimos anos, a Alemanha investiu pouco em infra-estruturas de transporte", afirmou a líder do FMI.

 

Neste sentido, a instituição sedeada em Washington considera que, em vez dos 0,2% do produto interno bruto (PIB) que Berlim prevê destinar à recuperação destas estruturas durante os próximos quatro anos, a Alemanha pode utilizar 0,5% do PIB.

 

"Segundo a análise do FMI, a Alemanha pode contribuir para a recuperação europeia através da distribuição de rendimentos. Isso permitiria aos consumidores germânicos alimentar a recuperação. Dadas as condições favoráveis no mercado laboral, antecipamos uma dinâmica salarial que permita isso", acrescentou.

 

Espanha único país a progredir com reformas estruturais

 

Por outro lado, numa entrevista divulgada esta segunda-feira, 8 de Setembro, pela emissora francesa "Radio Classique", e citada pela Lusa, a directora-geral do FMI sustentou que a Espanha é o único país da área do euro que está a melhorar fruto da implementação de reformas estruturais.

 

"O único país que progride, apesar de não ser suficiente" para absorver a bolsa de desempregados "é Espanha", afirmou Christine Lagarde.

 

Deflação ou inflação baixa?

 

Lagarde defende, em entrevista ao Les Echos, que nunca utilizou o termo deflação para caracterizar o estado da economia da Zona Euro. A responsável salienta que a instituição que lidera prefere falar em "inflação baixa" mas, ainda assim, admite a existência de motivos para uma actuação por parte das autoridades.

 

"O presidente do Banco Central Europeu anunciou medidas que vão na direcção correcta e que incluem mais capacidade de fluxo de crédito às empresas", afirmou em entrevista a este jornal francês. "As medidas causaram surpresa, o que não é mau, e fez com que o euro recuasse face ao dólar", acrescentou.

 

Por outro lado, e quando questionada se as medidas da autoridade monetária podem impulsionar o crescimento económico, Lagarde assume que o BCE "fez muito neste dois anos". E saúda o facto de a instituição estar preparada para implementar medidas de política monetária não convencionais, caso seja necessário para travar um período longo de inflação baixa.

 

Crescimento económico e os riscos geopolíticos

 

Em relação ao crescimento económico mundial, Lagarde assume que este é "fraco, frágil e desigual". O crescimento mundial é fraco pois não gera o número de postos de trabalho necessários, como "os 200 milhões de desempregados no mundo nos lembram". 

 

Além disso, é frágil e os riscos geopolíticos no globo são claros. A directora-geral do Fundo cita o caso da Ucrânia - país que, aponta, as tensões têm efeitos colaterais nos países vizinhos e cujo o impacto dos mesmos não está ainda quantificado - e a situação no Médio Oriente - onde os riscos "são reais". Quanto ao crescimento desigual, Lagarde atribui-o ao facto de a recuperação dos países não está a ser feita a velocidades semelhantes.  

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