Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Krugman inclui Portugal nos "desastres europeus" e diz que saída do euro pode ser positiva para a Grécia  

Num artigo arrasador para as políticas implementadas na Europa, o Nobel da Economia defende que se o "não" ganhar no referendo grego o país enfrenta ameaças no curto prazo com a saída do euro, mas ganha uma hipótese real de recuperação.

Bloomberg
03 de Julho de 2015 às 11:01
  • 111
  • ...

Paul Krugman volta esta sexta-feira a escrever um artigo onde critica violentamente a política de austeridade seguida na Europa, que provou "desastres" numa série de países.


Numa altura que todos os olhos estão centrados na Grécia, devido ao referendo deste domingo, o Nobel da Economia chama a atenção para o que se passa numa série de outros países da Zona Euro.


Começa pela Finlândia, ironizando que este país "não poderia ser mais diferente dos corruptos e irresponsáveis" países do Sul da Europa, além de ser um "modelo de sociedade europeia, com um governo honesto, finanças públicas sólidas, rating sólido e que consegue financiar-se nos mercados a taxas incrivelmente reduzidas".

Contudo, Krugman assinala que oito anos de crise económica na Finlândia cortaram o PIB per capita no país em 10% e "não há sinais de que pare por aqui", pelo que se não fosse a crise no Sul, a Finlândia poderia "muito bem ser vista como o desastre épico europeu".


O economista norte-americano salienta que a Finlândia não está sozinha, incluindo na galeria dos "desastres europeus" outros países do Norte da Europa, desde a Dinamarca ("não está no euro mas age como se estivesse") à Holanda.


E também outros países do Sul da Europa. Alega que os responsáveis europeus estão a vender a recuperação espanhola como um sucesso, mas o país tem uma "taxa de desemprego de quase 23% e o PIB per capital está ainda 7% abaixo dos níveis pré-crise".


Também Portugal é citado por Krugman para defender os maus resultados das políticas implementadas na Europa. "Portugal também obedeceu à ordem para implementar uma dura austeridade e está agora 6% mais pobre do que antes", refere Krugman.


O economista defende que todas estas economias têm em comum o facto de terem aderido ao euro, o que as colocou num "colete de forças". Krugman sempre foi um crítico da criação do euro e no artigo de hoje volta a deixar críticas à moeda única, mas "tal não quer dizer que seja altura de acabar" com a moeda única. "O que é urgente é aliviar o colete de forças", salienta.


Grécia pode ter hipótese real de recuperação se sair do euro


Voltando à questão do referendo grego – Krugman já tinha defendido o voto no "não" – o economista entende que se ganhar o "sim", os gregos estarão a dar "poder e coragem aos arquitectos do falhanço da Europa".


"Os credores já demostraram a sua força e capacidade de humilhar quem desafiar as suas exigências de austeridade sem fim. E vão continuar a reclamar que impor desemprego em massa é o único caminho responsável".


Reconhecendo que se o "não" sair vitorioso no domingo a Grécia enfrenta um período "assustador e terreno desconhecido" e pode ter que sair do euro, Krugman contrapõe que este cenário "oferece à Grécia uma hipótese real de recuperação" e será um "choque para a complacência das elites europeias".


Krugman finaliza o artigo num apelo aos gregos para votar "não". "É razoável temer as consequências de um voto no ‘não’, porque ninguém sabe o que virá a seguir. Mas deverá temer ainda mais as consequências de um voto no ‘sim’, pois nesse caso já sabemos o que virá a seguir – mais austeridade, mais desastres e eventualmente uma crise muito pior do que algo que já tenhamos visto até agora", refere. 

Ver comentários
Saber mais Krugman Europa Grécia Finlândia Sul da Europa Norte da Europa
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio