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Grécia supera metas dos credores com excedente primário de 3,9%
Atenas atingiu um excedente primário de 3,9% no ano passado, quando o objectivo fixado pelos credores era de apenas 0,5%.
Excluindo o pagamento de juros da dívida pública, a Grécia fechou o ano de 2016 com um excedente orçamental equivalente a 3,9% do PIB, superando as metas fixadas pelos credores, que pediam a Atenas um excedente primário de 0,5%.
Estes resultados, alcançados à custa de uma subida da receita pública e cortes na despesa, causam, porém, alguma desconfiança ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que já admitiu como provável que pelo menos metade do excedente primário tenha resultado de medidas temporárias e não de reformas estruturais com impacto a longo prazo.
A verdade é que os números mostram que o Governo apertou o cinto no final do ano passado, reduzindo a despesa de 95,2 mil milhões de euros para 86,1 mil milhões.
O FMI, que tem insistido em metas mais baixas para o excedente primário, referiu inclusive nas suas últimas previsões que o aumento temporário da receita deverá dissipar-se, empurrando este indicador para 1,8% este ano.
Apesar de o Governo do Syriza "comemorar" a inversão do rumo das finanças públicas, a economia grega voltou a contrair no final de 2016 e o desemprego não dá sinais de descida.
Dados do gabinete estatístico de Atenas, o Elstat, mostram que a taxa de desemprego se manteve estável nos 23,5%, em Janeiro, que o PIB contraiu 1,1% no último trimestre de 2016 e que o rácio da dívida em relação ao PIB subiu de 177% para 179%.
Não obstante as reticências em voltar a participar num resgate à Grécia sem uma substancial redução da dívida helénica, o FMI poderá financiar o actual programa com uma "pequena quantia durante um ano", como afirmou esta quinta-feira, 20 de Abril, o porta-voz do Governo de Alexis Tsipras.
Dimitris Tzanakopoulos explicou que a ideia é o FMI co-financiar, juntamente com os europeus, o último ano do resgate, que termina em Agosto de 2018.
Na próxima terça-feira, 25 de Abril, os chefes da missão da UE e do FMI vão voltar a Atenas para tentar finalizar um conjunto de reformas que a Grécia aceitou adoptar para convencer a instituição liderada por Christine Lagarde a participar com recursos no seu actual programa de resgate.