Notícia
Grécia: Eurogrupo adia "cheque" e quer FMI a pagar a conta
Na melhor das hipóteses, haverá hoje acordo sobre as condições que permitirão o regresso a Atenas da troika. FMI tem dúvidas sobre os números da execução orçamental de 2016 relatados por Atenas.
Os ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo) estão reunidos esta tarde em Bruxelas, sem qualquer perspectiva de chegar a um acordo que permita dar por encerrada a segunda revisão do actual programa de assistência à Grécia, que Atenas desejava concluir imediatamente para receber uma nova transferência.
À chegada ao encontro, todos os ministros que falaram à imprensa puseram de parte essa possibilidade, manifestando, ao invés, confiança de que possa sair desta reunião um entendimento entre europeus, FMI e Atenas sobre os "parâmetros" que permitam o regresso dos economistas internacionais à capital grega. "Estou confiante de que chegaremos a um acordo sobre as condições que permitirão o regresso da troika a Atenas", afirmou o ministro espanhol Luis de Guindos.
Ao aceitar o regresso dos técnicos da troika, Atenas estará muito provavelmente a aceitar também que esta possa averiguar a fundo os dados da execução orçamental de 2016, que surpreenderam meio-mundo, depois de o governo ter anunciado que o excedente primário se elevou a 2% do PIB, bem acima da meta de 0,5% e duplicando o valor alcançado no ano anterior. Escreve a Reuters que o FMI, em particular, quer perceber o quão estrutural (ou pontual) é este resultado, tendo dúvidas de que este possa ser repetido no futuro como é essencial para que o país possa voltar a financiar-se e pagar as suas dívidas.
Aceitar o regresso da troika, exigirá ainda algum tipo de compromisso da parte do governo grego de que submeterá para aprovação no parlamento um plano de contingência no valor de 3,6 mil milhões de euros a ser aplicado caso não sejam atingidos os objectivos assumidos para 2018, data em que findará este terceiro pacote de ajuda externa. A troika tem exigido este plano B para credibilizar a execução do programa em curso e reduzir o risco de a Grécia pedir um quarto resgate, mas o governo de Alexis Tsipras, em queda acentuada de popularidade, tem-se recusado a aprovar mais medidas que possam vinculá-lo a ainda mais austeridade – "nem mais um euro de cortes", tem sublinhado.
Pierre Moscovici, o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, admitiu esta tarde que "ainda há muito trabalho a fazer no terreno" mas garantiu são dificuldades ultrapassáveis. "Não estamos de todo a caminho do ‘Grexit’. Esse é um termo que não quero mais ouvir". O comissário, que esteve em Atenas na semana passada para se reunir com o primeiro-ministro Alexis Tsipras e o ministro das Finanças Euclid Tsakalotos, disse que a prioridade deve ser dar aos gregos"uma luz ao fundo do túnel da austeridade" e apostar em reformas. "Se a austeridade é o que empobrece, o que impede a criação de programas sociais, não queremos austeridade", afirmou.
Em função dos resultados dessa missão técnica em Atenas, o Eurogrupo poderá dar luz verde à segunda avaliação do programa de assistência em Março ou Abril e mandar passar, então, um novo cheque. O desejo dos europeus é que o valor desta nova transferência seja já partilhado pelo FMI.
Ao contrário do que sucedeu nos dois anteriores resgates, neste terceiro programa de assistência, acordado no Verão "quente" de 2015, a instituição presidida por Christine Lagarde apenas garante assistência técnica (não financeira) à Grécia, por duvidar do empenhamento reformista dos seus governos e por querer que os europeus aliviem mais a dívida do país (quase 200% do PIB) para a tornar sustentável, reduzindo assim o risco de Atenas não lhe pagar o que vier a ser-lhe emprestado.
"O FMI está muito disponível para entrar no programa, mas pede, e bem, um programa profundo de reformas no domínio da fiscalidade, das pensões e do mercado de trabalho e novos compromissos de alívio da dívida, e nós estamos a fazer a nossa parte", resumiu o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem (na foto), à chegada ao encontro. "Hoje vamos apenas discutir o regresso da missão das instituições a Atenas, o que exige um acordo sobre reformas substanciais e medidas adicionais a serem tomadas. A missão irá então a Atenas tratar de tudo isso e quando voltar olharemos para todo o pacote, incluindo o alívio da dívida. Tivemos muitas conversas nas últimas semanas, vejo progressos, iremos analisar se esses progressos são suficientes para a missão regressar a Atenas", acrescentou.
"O FMI tem de estar a bordo. Não é uma exigência alemã. É uma exigência nossa, europeia", sublinhou também esta tarde o ministro francês Michel Sapin.
Como Alexis Tsipras tem recusado comprometer-se com mais reformas e insistido, antes, no alívio da dívida detida pelos outros países europeus, não é de descartar que o impasse persista por mais alguns meses, e que um acordo e um próximo desembolso surjam apenas quando deixarem de ser adiáveis: em cima de Julho, altura em que a Grécia tem de pagar – e não terá meios sem novo "cheque" externo - cerca de seis mil milhões de euros de títulos de dívida que chegam à maturidade e que estão nas mãos do BCE.
À chegada ao encontro, todos os ministros que falaram à imprensa puseram de parte essa possibilidade, manifestando, ao invés, confiança de que possa sair desta reunião um entendimento entre europeus, FMI e Atenas sobre os "parâmetros" que permitam o regresso dos economistas internacionais à capital grega. "Estou confiante de que chegaremos a um acordo sobre as condições que permitirão o regresso da troika a Atenas", afirmou o ministro espanhol Luis de Guindos.
Aceitar o regresso da troika, exigirá ainda algum tipo de compromisso da parte do governo grego de que submeterá para aprovação no parlamento um plano de contingência no valor de 3,6 mil milhões de euros a ser aplicado caso não sejam atingidos os objectivos assumidos para 2018, data em que findará este terceiro pacote de ajuda externa. A troika tem exigido este plano B para credibilizar a execução do programa em curso e reduzir o risco de a Grécia pedir um quarto resgate, mas o governo de Alexis Tsipras, em queda acentuada de popularidade, tem-se recusado a aprovar mais medidas que possam vinculá-lo a ainda mais austeridade – "nem mais um euro de cortes", tem sublinhado.
Pierre Moscovici, o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, admitiu esta tarde que "ainda há muito trabalho a fazer no terreno" mas garantiu são dificuldades ultrapassáveis. "Não estamos de todo a caminho do ‘Grexit’. Esse é um termo que não quero mais ouvir". O comissário, que esteve em Atenas na semana passada para se reunir com o primeiro-ministro Alexis Tsipras e o ministro das Finanças Euclid Tsakalotos, disse que a prioridade deve ser dar aos gregos"uma luz ao fundo do túnel da austeridade" e apostar em reformas. "Se a austeridade é o que empobrece, o que impede a criação de programas sociais, não queremos austeridade", afirmou.
Em função dos resultados dessa missão técnica em Atenas, o Eurogrupo poderá dar luz verde à segunda avaliação do programa de assistência em Março ou Abril e mandar passar, então, um novo cheque. O desejo dos europeus é que o valor desta nova transferência seja já partilhado pelo FMI.
Ao contrário do que sucedeu nos dois anteriores resgates, neste terceiro programa de assistência, acordado no Verão "quente" de 2015, a instituição presidida por Christine Lagarde apenas garante assistência técnica (não financeira) à Grécia, por duvidar do empenhamento reformista dos seus governos e por querer que os europeus aliviem mais a dívida do país (quase 200% do PIB) para a tornar sustentável, reduzindo assim o risco de Atenas não lhe pagar o que vier a ser-lhe emprestado.
"O FMI está muito disponível para entrar no programa, mas pede, e bem, um programa profundo de reformas no domínio da fiscalidade, das pensões e do mercado de trabalho e novos compromissos de alívio da dívida, e nós estamos a fazer a nossa parte", resumiu o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem (na foto), à chegada ao encontro. "Hoje vamos apenas discutir o regresso da missão das instituições a Atenas, o que exige um acordo sobre reformas substanciais e medidas adicionais a serem tomadas. A missão irá então a Atenas tratar de tudo isso e quando voltar olharemos para todo o pacote, incluindo o alívio da dívida. Tivemos muitas conversas nas últimas semanas, vejo progressos, iremos analisar se esses progressos são suficientes para a missão regressar a Atenas", acrescentou.
"O FMI tem de estar a bordo. Não é uma exigência alemã. É uma exigência nossa, europeia", sublinhou também esta tarde o ministro francês Michel Sapin.
Como Alexis Tsipras tem recusado comprometer-se com mais reformas e insistido, antes, no alívio da dívida detida pelos outros países europeus, não é de descartar que o impasse persista por mais alguns meses, e que um acordo e um próximo desembolso surjam apenas quando deixarem de ser adiáveis: em cima de Julho, altura em que a Grécia tem de pagar – e não terá meios sem novo "cheque" externo - cerca de seis mil milhões de euros de títulos de dívida que chegam à maturidade e que estão nas mãos do BCE.
"Os problemas de liquidez (da Grécia) não são substanciais e não vão ocorrer antes do Verão. Por outras palavras, não há urgência de dinheiro. No plano económico, claro, é importante que a estabilidade que alcançámos na Grécia e a retoma económica continue, pelo que seria útil que tudo se passar muito rapidamente, por questões de estabilidade e confiança", comentou o presidente do Eurogrupo.