A Zona Euro está hoje melhor equipada para resistir à instabilidade na Grécia, mas deve estar preparada para usar "todos os instrumentos disponíveis" para conter os riscos de contágio, recomenda o Fundo Monetário Internacional (FMI) no âmbito do relatório anual sobre a situação na Zona Euro.

O BCE, por exemplo, deve estar pronto para ponderar alargar o período de vigência e o leque de activos que pode comprar ao abrigo do programa de flexibilização monetária, e os políticos devem reforçar a arquitectura institucional da Zona Euro, devendo a prioridade ser dada à criação de um fundo comum de garantia de depósitos, peça ainda em falta na união bancária.

"Embora a reacção do mercado ao pacote de reformas recentemente aprovado na Grécia tenha sido globalmente positiva, novos episódios de incerteza e volatilidade significativas não podem ser descartados", pelo que o FMI "exorta os responsáveis políticos a utilizar, se necessário, todos os instrumentos disponíveis para gerir os riscos de contágio que possam ter origem na Grécia".

A troika regressou esta segunda-feira a Atenas para tentar avaliar o real estado da economia e das finanças do país, sendo este o primeiro passo para a negociação de um eventual terceiro resgate europeu. Segundo as mais recentes estimativas de Bruxelas, em vez de crescer o PIB grego estará a caminho de encolher 2% a 4% neste ano, e admite-se que, em vez de 2,1%, o défice seja mais do dobro. À degradação da conjuntura económica junta-se a instabilidade política, agravada com a revelação de que Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças, trabalhou num plano secreto, com a autorização do primeiro-ministro Alexis Tsipras, para fazer sair a Grécia do euro.