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Eurogrupo esfria expectativas da Grécia sobre metas mais flexíveis

Os ministros das Finanças do euro excluem flexibilizar os termos acordados no âmbito do resgate grego, designadamente a redução da meta para o excedente primário. O novo primeiro-ministro grego quer apoiar a economia com menos juros e mais investimento mas, para isso, tem de negociar concessões.

Reuters
09 de Julho de 2019 às 11:33
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Não era previsível que do encontro do Eurogrupo realizado esta segunda-feira saíssem grandes novidades quanto aos compromissos orçamentais que a Grécia tem de cumprir, mas os sinais dados confirmam que o novo primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, não terá vida fácil para levar por diante o seu programa económico.

Apostado em dar um novo impulso à economia grega após uma década de ajustamento das contas públicas que deixou o PIB grego a valer menos um quarto do que antes da crise, o líder da Nova Democracia (centro-direita) quer reduzir amplamente os impostos e reforçar o investimento mas, para o fazer, precisa assegurar, junto dos parceiros europeus e credores internacionais, maior flexibilidade para o cumprimento das metas orçamentais acordadas no âmbito do resgate firmado em 2015.

Contudo, à saída da reunião do Eurogrupo, o líder da instituição informal, Mário Centeno, citado pela AFP, defendeu, em declarações aos jornalistas, que "compromissos são compromissos" e que, se forem quebrados, a credibilidade conquistada é deitada por terra.   

Apesar de não estar na agenda formal do encontro, a flexibilização dos objetivos orçamentais pretendida pelo novo primeiro-ministro grego, em particular a necessidade de gerar excedentes primários de 3,5% até 2022, foi afastada pelos ministros das Finanças da Zona Euro.

Mesmo que se sinta alguma retoma económica na Grécia, tendo o PIB grego avançado 1,3% no primeiro trimestre, o desemprego persiste em níveis elevados e os cortes a salários e pensões aplicados durante a presença da troika continuam em vigor.

Tentando conter danos numa altura em que a ND já liderava todas as sondagens, o agora ex-primeiro-ministro e líder do Syriza, Alexis Tsipras, prometeu, em maio, um pacote de estímulos assente no reforço de pensões e diminuição de impostos (medidas já presentes no programa dos conservadores), causando apreensão juntos dos credores internacionais e provocando descontentamento em Bruxelas.

Ainda na campanha eleitoral, Kyriakos Mitsotakis mostrou-se confiante acerca das suas possibilidades de convencer os parceiros europeus e credores internacionais da bondade das suas propostas e, como tal, beneficiar de alguma flexibilização nos compromissos assumidos por Tsipras.

À confiança de Mitsotakis respondeu o líder do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), reiterando que as metas chave do resgate grego são para manter.

Klaus Regling assegurou que a meta para o excedente orçamental primário é para manter porque sem este "é muito difícil perceber como a sustentabilidade da dívida pode ser alcançada".

"O excedente de 3,5% é a pedra angular do programa [de assistência financeira]", atirou.

Já de acordo com o diário grego Kathimerini, seguiu para Atenas o recado de que as medidas anunciadas em maio por Tsipras ameaçam colocar em causa o crescimento económico e as metas orçamentais. Ainda assim, segundo reporta o jornal helénico, terá ficado sinalizada a disponibilidade para conceder alguma margem de manobra ao governo helénico para atingir as metas acordadas com medidas não previstas.

Eurogrupo à espera do novo governo

Os parceiros europeus da Grécia consideram que com uma dívida pública acima dos 180% do PIB e com os problemas relacionados com os elevados níveis de malparado detido pela banca helénica, só através de excedentes Atenas poderá recolocar a dívida numa trajetória sustentável.

Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, notou que foi discutido o terceiro relatório de avaliação periódica à implementação das reformas previstas no memorando, porém, como desta feita não há qualquer tipo de medidas de alívio da dívida helénica em causa nem nenhuma decisão sobre desembolsos, os ministros das Finanças da área do euro optaram por deixar para depois uma discussão mais detalhada.

Por outro lado, a Grécia foi representada pelo número dois do ministro das Finanças Euclides Tsakalotos, que ontem deixou essas funções já que o novo governo tomou posse, com Christos Staikouras a assumir doravante a pasta.

"Aguardamos com expectativa a discussão das questões resultantes do relatório da Comissão e das políticas do novo governo grego", disse o português. A discussão relevante sobre a Grécia deverá ter lugar no Eurogrupo previsto para 13 de setembro.

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