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Estónia: Zona Euro pode sobreviver à saída da Grécia
A união monetária europeia está agora melhor equipada para a saída de um dos seus membros. Se a Grécia sair do euro também conseguirá sobreviver, já que tem saldos orçamentais positivos, diz o ministro estónio das Finanças.
"A Zona Euro está, certamente, mais estável e mais forte do que há cinco anos, pelo que a eventualidade hipotética de um dos seus membros sair deverá ter pouco impacto", disse o ministro estónio das Finanças Maris Lauri, citado pelo Ekathimerini.
De acordo com Lauri, tão pouco a Grécia cairá na insolvência se não quiser uma extensão do resgate europeu, dado que tem agora um orçamento equilibrado. Contudo, acrescenta, o país terá de passar a viver por conta própria.
Maris Lauri falava depois de Atenas ter enviado a Bruxelas um pedido de prorrogação de seis meses, mas apenas do contrato de empréstimos assinado com a Zona Euro. "O pedido é referente à extensão do acordo de empréstimo, não é para o programa de assistência em curso", precisou Panos Skourletis, ministro grego do Trabalho à Skai TV.
Em entrevista ao FT, o primeiro-ministro eslovaco Robert Fico diz que também a Eslováquia está "calma" perante a possibilidade de a Grécia sair da Zona Euro se o país se recusar a honrar os seus compromissos e diz ser "impossível" explicar aos eslovacos que têm que pagar salários e pensões na Grécia.
De Berlim, veio já o aviso de que a carta de Atenas não é uma proposta que conduza a uma "solução substantiva". "Na verdade, vai na direcção de um financiamento ‘ponte’ sem responder às exigências do programa [de ajustamento]. A carta não preenche os critérios acordados pelo Eurogrupo na segunda-feira", refere o comunicado de Martin Jaeger, porta-voz de Wolfgang Schäuble.
Já a Comissão Europeia considera que a carta de Atenas é um sinal positivo que pode abrir caminho a um compromisso entre a Grécia e os demais países da Zona Euro.
O presidente do Eurogrupo – fórum que reúne os ministros europeus das Finanças e a quem cabe uma decisão final sobre a extensão do apoio à Grécia - já convocou para amanhã um encontro entre todos os ministros. Jeroen Dijsselbloem considerará, portanto, que há condições para retomar as conversações com as autoridades gregas. Marcou um Eurogrupo presencial, ao contrário da teleconferência que o ministro grego sugerira.
Na carta endereçada por Yanis Varoufakis ao Eurogrupo, revelada na íntegra no "The Guardian" e no FT, faz-se uma referência dúbia ao actual programa de ajustamento, que o Eurogrupo tem insistido ser a referência para qualquer novo acordo com a Grécia, devendo ser concluído com sucesso.
"As autoridades gregas estão agora a pedir a prorrogação do Acordo Quadro de Assistência Financeira [assinando originalmente com o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, entretanto rebaptizado Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que é dirigido por Klaus Regling] para um período de seis meses após a sua conclusão [28 de Fevereiro], período durante o qual vamos proceder em conjunto, e fazer o melhor uso da flexibilidade dada pelo actual plano, com vista à sua conclusão bem-sucedida e avaliação com base nas propostas de, por um lado, o governo grego e, por outro, as instituições".
A sintaxe escolhida por Atenas é complexa, mas parece sugerir que o seu compromisso é usar o empréstimo, não necessariamente cumprir as medidas e metas que têm de ser atingidas para que os desembolsos possam ser efectuados - o que não será aceite pelo Eurogrupo.
Por outro lado, carta de Varoufakis levanta, desde já, a proposta de um novo resgate financiado pela Europa e pelo FMI, ou seja pela troika, tendo uma fonte oficial do governo, citada pelo "The Guardian", precisado que esse novo programa cobriria o período 2015-2019, que coincide com a legislatura do novo Governo liderado pelo Syriza de Alexis Tsipras.
Na carta, Varoufakis sugere que se "iniciem os trabalhos entre as equipas técnicas sobre um enventual novo contrato para a 'Recuperação e o Crescimento' que as autoridades gregas prevêem [possa ser concluído] entre a Grécia, a Europa e o Fundo Monetário Internacional, que poderia seguir-se ao acordo actual.