Depois de Berlim dizer que a proposta de Atenas não chega, o Governo grego endurece o tom. A menos de 24 horas do terceiro Eurogrupo em 10 dias, o Executivo de Alexis Tsipras veio a público avisar os parceiros europeus. "Só existem duas opções no Eurogrupo de amanhã. Aceitar ou rejeitar o pedido grego".

"Vamos agora descobrir quem quer encontrar uma solução e quem é que não quer", disse fonte do Governo grego esta quinta-feira, 19 de Fevereiro, à agência France Presse.

As declarações de Atenas vão ao encontro das proferidas ontem pelo ministro das Finanças grego. "Vai haver um sim ou um não no Eurogrupo", anteviu Yanis Varoufakis na quarta-feira.

A mensagem chegada de Atenas acontece depois do Governo alemão ter dito hoje que a carta "não preenche os critérios acordados pelo Eurogrupo na segunda-feira", disse o porta-voz do ministro das Finanças Wolfgang Schäuble. 

Apesar de apontar que esta proposta não é suficiente, o certo é que Berlim vai sentar-se à mesa do Eurogrupo na sexta-feira para debater a proposta grega. 

Já a Comissão Europeia congratulou-se com a carta enviada pela Grécia ao Eurogrupo. É "um sinal positivo que pode abrir caminho para um compromisso razoável no interesse da estabilidade financeira da Zona Euro", disse hoje o porta-voz de Jean-Claude Juncker.

Mas os sinais vindos da Alemanha indicam que a tomada de posição por parte do ministério das Finanças não é unânime no Governo de coligação liderado por Angela Merkel.

"Devemos usar esta nova atitude do Governo grego como ponto de partida para as negociações e não rejeitá-la publicamente antes" das conversações, disse hoje Sigmar Gabriel.

Para quebrar este impasse, Angela Merkel e Alexis Tsipras estiveram hoje ao telefone durante 50 minutos com o objectivo de alcançar "uma solução mutuamente aceitável", segundo o gabinete do primeiro-ministro grego, citado pela imprensa helénica.

Na reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro na segunda-feira, que terminou sem acordo, os credores internacionais fizeram um ultimato à Grécia. Um pedido de extensão do actual programa teria de ser feito durante esta semana por Atenas para o Eurogrupo analisar a proposta esta sexta-feira.

Mas, apesar do ultimato, o Governo grego veio avisar que "não se deixa chantagear" e garantiu estar a procurar "terreno comum para uma solução comum".