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Dijsselbloem: Governo grego aceitou o regresso da troika
Embora a participação plena do FMI conste do acordo firmado no Verão, o governo de Alexis Tsipras, que se elegeu com a promessa de acabar com a troika, tem tentado travar o envolvimento da instituição, argumentando que a sua participação financeira não será necessária.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou nesta quinta-feira, 14 de Janeiro, que o Governo grego aceitou a plena participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) também neste terceiro resgate ao país. Questionado pelos jornalistas à entrada da reunião do Eurogrupo, em Bruxelas, Dijsselbloem atestou que o ministro Euclide Tsakalotos lhe "confirmou que o Governo grego aceitou que o FMI faça parte do processo".
Embora a participação plena do FMI (técnica e financeira) conste do acordo firmado no Verão que permitiu travar a saída da Grécia do euro e abrir caminho ao terceiro resgate desde 2010, o governo de Alexis Tsipras, que se elegeu com a promessa de acabar com a troika, tem tentado travar o envolvimento da instituição que mais exigente se tem revelado nos processos de resgate, argumentando que a sua participação no envelope financeiro será desnecessária.
Dijsselbloem lembrou que, para vários países do euro (como é o caso da Alemanha) o envolvimento do FMI no financiamento, concepção e acompanhamento dos programas de assistência financeira é "fundamental".
Por ora, o FMI não participa neste terceiro envelope financeiro porque concluiu que Atenas falha na "capacidade institucional e política" para implementar reformas e na "grande probabilidade de ter uma dívida pública sustentável no médio prazo". Só entrará com mais dinheiro, se, da parte dos europeus, obtiver a garantia de que voltarão a aliviar a dívida grega; e, da parte de Atenas, de que fará uma aplicação completa do pacote de medidas e reformas acordado no Verão.
Neste momento, Atenas continua sem conseguir cumprir os prazos prometidos e, não obstante ter realizados "grandes e sérios esforços", provavelmente serão necessários "mais meses, do que semanas" para que se possa fazer uma primeira avaliação positiva deste terceiro programa, sem a qual os europeus não discutirão o alívio da dívida. Segundo explicou Dijsselbloem, o Governo grego já fez muito trabalho, mas ainda há algumas questões delicadas em aberto, nomeadamente a reforma do sistema pensionista e a operacionalização do fundo de privatizações.
Citado pela Lusa, o ministro grego afirmou, por seu lado, que tem encontrado "pessoas a procurar soluções e não problemas" nas suas deslocações a seis capitais europeias. O ministro alemão, Wolfgang Schäuble, sublinhou o "muito esforço" da Grécia e assegurou que os restantes Estados-membros vão cumprir o acordado "passo a passo".
Ao contrário dos cerca de 200 mil milhões de euros dos dois últimos empréstimos dos países do euro, que foram concedidos a Atenas apenas com base nos compromissos de reforma e de consolidação orçamental assumidos por Governos gregos, o desembolso deste terceiro empréstimo (que pode ascender a 86 mil milhões de euros) exige que Atenas aprove previamente no parlamento o essencial das reformas e as faça acompanhar de garantias reais, que serão dadas através de um "fundo independente" – que ficará sedeado em Atenas e será gerido por gregos, com a supervisão das instituições europeias "relevantes" – que receberá activos em posse do Estado grego e os "rentabilizará através de privatizações ou outros meios".
O objectivo é responsabilizar mais fortemente o actual e futuros governos em Atenas, fazendo com que o risco de não conclusão de um terceiro programa de assistência financeira recaia sobretudo sobre a Grécia (que ficará sem esses activos), limitando o risco de os contribuintes dos demais países da Zona Euro suportarem integralmente as perdas caso Atenas não pague o novo empréstimo.