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Dijsselbloem reitera que não quis ofender países do Sul e não equaciona demissão

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, reiterou esta terça-feira que nunca foi sua intenção ofender os países do Sul da Europa, insistiu que as suas declarações foram mal interpretadas, e disse estar totalmente empenhado em prosseguir as suas funções.

Reuters
04 de Abril de 2017 às 11:59
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Numa altura em que se encontra sob um coro de críticas do Parlamento Europeu, na sequência da entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, mas também por não se ter disponibilizado a participar esta semana num debate no hemiciclo de Estrasburgo sobre o programa de assistência à Grécia, Dijsselbloem dirigiu esta terça-feira uma carta a dois eurodeputados espanhóis que o haviam interpelado em 27 de Março passado, após ter dito que não se pode pedir ajuda depois de se gastar todo o dinheiro em álcool e mulheres.

"Na entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung, sublinhei a importância da solidariedade e reciprocidade no seio da União Europeia. Argumentei que a moldura acordada é crucial para a confiança na zona euro, tanto no mundo exterior como entre Estados-membros. Para que haja solidariedade entre os Estados-membros, algo que prezo muito, é crucial que todos mostrem comprometimento e responsabilidade", escreve Dijsselbloem na carta datada desta terça-feira, 4 de Abril, e divulgada em Bruxelas.

Citando em alemão todo o excerto da entrevista que provocou a indignação de vários Estados-membros, e que levou o Governo português a pedir a sua demissão, o presidente do fórum de ministros das Finanças da Zona Euro aponta que, nos dias seguintes à publicação da entrevista, as suas "palavras foram ligadas à situação em países do Sul da Europa durante os anos da crise", o que considera abusivo.

Dijsselbloem escreve que "é muito infeliz que esta associação tenha sido feita, porque não foi isso que disse" e "certamente não era o que tencionava dizer", até porque "a crise teve impacto nas sociedades de toda a Zona Euro, com grandes custos sociais, e a solidariedade foi plenamente justificada".

"Lamentavelmente, algumas pessoas ficaram ofendidas com a forma como me expressei. A escolha das palavras é, obviamente, pessoal, tal como a forma como as mesmas são citadas. Serei ainda mais cuidadoso no futuro, pois nunca é minha intenção insultar pessoas", afirma.

Jeroen Dijsselbloem termina a sua carta afirmando que continua "totalmente comprometido" em prosseguir o trabalho com os membros do Parlamento Europeu e com "todos os cidadãos europeus" para reforçar as economias e a união monetária, reiterando assim que não tenciona demitir-se.

O presidente do Eurogrupo enfrenta, no entanto, agora críticas redobradas, por ter declinado, mais uma vez, o convite do Parlamento Europeu para participar num debate na assembleia, que se encontra reunida em sessão plenária em Estrasburgo desde segunda-feira.

Na sessão de abertura, na segunda-feira à tarde, o presidente do Parlamento, Antonio Tajani, que já criticara duramente as declarações do presidente do Eurogrupo na entrevista ao jornal alemão, anunciou que vai enviar uma carta formal de protesto a Dijsselbloem.

"O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, declinou mais uma vez o nosso convite para participar num debate em plenário sobre a Grécia", lamentou Tajani.

Apontando que, apesar de não haver uma "obrigação jurídica" para que o presidente do Eurogrupo tome a palavra em plenário, Tajani afirmou que "quando se pedem tantos sacrifícios aos cidadãos europeus, deve aceitar-se o convite para falar perante os seus representantes".
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