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Bruxelas vê "5 boas novas" e "3 riscos" para a economia europeia
A Comissão Europeia antecipa um crescimento moderado nos próximos dois anos, mas garante que a zona euro "está sólida". Pela frente estão boas notícias e alguns receios.
As economias europeias continuarão a crescer de forma muito moderada nos próximos dois anos mas, apesar das dificuldades, continuam sólidas. Pierre Moscovici, a quem coube apresentar as linhas gerais das previsões de Outono, está moderadamente optimista, tendo identificado "cinco boas novas" e "três riscos".
Uma das boas notícias é que, apesar das debilidades e de os desempenhos serem bastante díspares entre países, o PIB deverá aumentar em todos os Estados-membros face a 2016. Em média, os países avançarão 1,6% do PIB, mas graças a maior pujança de países como a Polónia, Espanha e Holanda a contrabalançarem o menor dinamismo da França, Alemanha ou Itália.
Esta subida do crescimento global deve-se sobretudo ao consumo privado que resulta da segunda boa nova: a criação de emprego, que continuará a subir, até para além das expectativas. Moscovici reconhece que está a olhar para a parte meia cheia do copo, porque "o número total de empregos é ainda inferior ao que existia há dez anos e os novos empregos criados são a tempo parcial", mas o facto de a taxa de desemprego global recuar para os 9,2% em 2018 permitirá aumentar o rendimento das famílias e, por esta via, estimular o consumo.
A terceira "boa nova" está no investimento, "finalmente em alta", a subir dos 3,3% em 2016 para os 3,5% em 2017. A contribuir para este impulso estão um empurrão do plano Juncker, os fundos europeus que "deverão dar resultados muito positivos e tangíveis na sua fase de implantação" e ainda o que Moscovici descreve como uma "política monetária excepcionalmente receptiva" por parte do Banco Central Europeu.
A inflação, que passará dos 0,3% em 2016 para os 1,4% no próximo ano é outro efeito "bem-vindo", graças ao preço do petróleo e ao aumento dos salários e do rendimento das famílias.
Quinta e última tendência positiva é que os Estados membros estão a pôr as contas públicas em dia, com o défice agregado a situar-se nos 1,5% do PIB nos próximos dois anos. Espanha é dos poucos países que se manterão acima dos 3% em 2017 (se a França cumprir com o acordado), mas Moscovici lembra que é uma derrapagem consentida e até "coerente com a recomendação feita ao País".
Já o lado pessimista do comissário é alimentado pelo Brexit, pela China e pela banca europeia.
Segundo o comissário europeu para os assuntos económicos e monetários o Brexit continuará a aumentar a incerteza política na União Europeia, isto, apesar de reconhecer que, para já, "a zona euro resistiu ao primeiro impacto".
Embora a economia europeia esteja em recuperação, Moscovici não antevê grande ajuda dos factores externos, muito pelo contrário. Os preços da energia já estão a recuperar, a desvalorização do euro está a ser invertida e há que somar a isto o crescimento mais lento da economia chinesa e os riscos de agravamento dos conflitos geopolíticos que, segundo Bruxelas, aumentaram.
A terceira dor de cabeça para Bruxelas é a banca que poderá continuar a não estar à altura da expansão do investimento prevista para os próximos anos, dados os seus baixos níveis de rendibilidade e o elevado nível de malparado nos seus balanços.